Os
Animais no antigo Egito
O homem com cabeça de íbis
O íbis é uma ave
pernalta de bico longo e recurvado. Existe uma espécie negra e outra de
plumagem castanha com reflexos dourados, mas era o íbis branco, ou íbis
sagrado, que era considerado pelos egípcios como encarnação do deus Thoth.
Esta ave tem parte da cabeça e todo o pescoço desprovido de penas. Sua
plumagem é branca, exceto a da cabeça, da extremidade das asas e da cauda,
que é muito negra. Um homem com cabeça de íbis, era outra das
representações daquele deus.
As serpentes do inferno
As serpentes que habitavam o
além-túmulo são descritas no chamado Livro de Him no Inferno, uma obra que
narra a viagem do deus-Sol pelo reino das sombras durante a noite. Nessa
jornada, enquanto visitava o reino dos mortos, a divindade lutava contra
vários demônios que tentavam impedir sua passagem. As serpentes estavam
entre os adversários mais perigosos e o demônio líder de todos eles era a
grande serpente Apófis.
A deusa do amor
Uma vaca que usava um disco
solar e duas plumas entre os chifres representava Hathor, deusa do céu e
das mulheres, nutriz do deus Hórus e do faraó, patrona do amor, da
alegria, da dança e da música, mas também das necrópoles. Seu centro de
culto era a cidade de Dendera, mas havia templos dessa divindade por toda
parte. Também era representada por uma mulher usando na cabeça o disco
solar entre chifres de vaca, ou uma mulher com cabeça de vaca.
A padroeira das mulheres grávidas
Tueris era a
deusa-hipopótamo que protegia as mulheres grávidas e os nascimentos. Ela
assegurava fertilidade e partos sem perigo. Adorada em Tebas, é
representada em inúmeras estátuas e estatuetas sob os traços de um
hipopótamo fêmea erguido, com patas de leão, de mamas pendentes e costas
terminadas por uma espécie de cauda de crocodilo. Além de amparar as
crianças, Tueris também protegia qualquer pessoa de más influências
durante o sono.
O crocodilo domesticado
Um crocodilo ou um
homem com cabeça de crocodilo representavam o deus Sebek, uma divindade
aliada do implacável deus Seth. Seu centro de culto era Crocodilópolis, na
região do Faium, onde o animal era protegido, nutrido e domesticado. Um
homem ferido ou morto por um crocodilo era considerado privilegiado. A
adoração desse animal foi sobretudo importante durante o Médio Império.
O deus do mal
Seth era um deus
representado por um homem com a cabeça de um tipo incerto de animal,
parecido com um cachorro de focinho e orelhas compridas e cauda ereta, ou
ainda com a cabeça de um bode. Deus dos trovões e das tempestades, tinha
seu centro de culto na cidade de Ombos. Embora inicialmente fosse um deus
benéfico, com o passar do tempo tornou-se a personificação do mal.
O criador da raça humana
O carneiro, animal
considerado excepcionalmente prolífico pelos egípcios, simbolizava um dos
deuses relacionados com a criação. Segundo a lenda, o deus Knum, um homem
com cabeça de carneiro, era quem modelava, em seu torno de oleiro, os
corpos dos deuses e, também, dos homens e mulheres, pois plasmava em sua
roda todas as crianças ainda por nascer. Seu centro de culto era a cidade
de Elefantina, junto à primeira catarata do rio Nilo. Um dos velhos deuses
cósmicos, é descrito como autor das coisas que são, origem das coisas
criadas, pai dos pais e mãe das mães. Sua esposa era Heqet, deusa com
cabeça de rã, também associada à criação e ao nascimento.
O
escaravelho sagrado
O deus-Sol também podia
ser representado por um escaravelho ou por um homem com um escaravelho no
lugar da cabeça. Nesse caso o bichinho simbolizava o deus Khepra
(escaravelho, em egípcio) e sua função era nada menos que a de mover o
Sol, como movia a bolazinha de excremento que empurrava pelos caminhos.
Associados à idéia mitológica de ressureição, os escaravelhos eram motivo
freqüente das peças de ourivesaria encontradas nos túmulos egípcios.
Falcão, o deus solar
O deus nacional do
Egito, o maior de todos os deuses, criador do universo e fonte de toda a
vida, era o Sol, objeto de adoração em qualquer lugar. A sede de seu culto
ficava em Heliópolis (On em egípcio), o mais antigo e próspero centro
comercial do Baixo Egito. O deus-Sol é retratado pela arte egípcia sob
muitas formas e denominações. Seu nome mais comum é Rá e podia ser
representado por um falcão, por um homem com cabeça de falcão ou ainda,
mais raramente, por um homem. Quando representado por uma cabeça de falcão
estabelecia-se uma identidade com Hórus, outro deus solar adorado em
várias partes do país desde tempos remotos.
A deusa gata
Uma gata ou uma mulher
com cabeça de gata simbolizava a deusa Bastet e representava os poderes
benéficos do Sol. Seu centro de culto era Bubástis, cujo nome em egípcio —
Per Bast — significa a casa de Bastet. Em seu templo naquela cidade a
deusa-gata era adorada desde o Antigo Império e suas efígies eram bastante
numerosas, existindo, hoje, muitos exemplares delas pelo mundo. Quando os
reis líbios da XXII dinastia fizeram de Bubástis sua capital, por volta de
944 a.C., o culto da deusa tornou-se particularmente desenvolvido.
O babuíno do deus da escrita
O babuino ou cinocéfalo
é um grande macaco africano, cuja cabeça oferece alguma semelhança com os
cães. No antigo Egito este animal estava associado ao deus Thoth,
considerado o deus da escrita, do cálculo e das atividades intelectuais.
Era o deus local em Hermópolis, principal cidade do Médio Egito. Deuses
particularmente numerosos parecem ter se fundido no deus Thoth:
deuses-serpentes, deuses-rãs, um deus-íbis, um deus-lua e este
deus-macaco.
A leoa sangüinária
Uma mulher com cabeça
de leão, encimada pelo disco solar, representava a deusa Sekhmet que, por
sua vez, simbolizava os poderes destrutivos do Sol. Embora fosse uma leoa
sanguinária, também operava curas e tinha um frágil corpo de moça. Era a
deusa cruel da guerra e das batalhas e tanto causava quanto curava
epidemias. Essa divindade feroz era adorada na cidade de Mênfis. Sua juba
— dizem os textos — era cheia de chamas, sua espinha dorsal tinha a cor do
sangue, seu rosto brilhava como o sol... o deserto ficava envolto em
poeira, quando sua cauda o varria...
Anubis, o chacal
O chacal, animal que
tem o hábito de desenterrar ossos, paradoxalmente representava para os
egípcios o deus Anúbis, justamente a divindade considerada a guarda fiel
dos túmulos e patrono do embalsamamento. No reino dos mortos, na forma de
um homem com cabeça de chacal, ele era o juiz que, após uma série de
provas por que passava o defunto, dizia se este era justo e merecia ser
bem recebido no além túmulo ou se, ao contrário, seria devorado por um
terrível monstro. Anúbis tinha seu centro de culto em Cinópolis.
O boi ápis
Boi sagrado que os
antigos egípcios consideravam como a expressão mais completa da divindade
sob a forma animal e que encarnava, ao mesmo tempo, os deuses Osíris e Ptá.
O culto do boi Ápis, em Mênfis, existia desde a I dinastia pelo menos.
Também em Heliópolis e Hermópolis este animal era venerado desde tempos
remotos. Antiga divindade agrária, simbolizava a força vital da natureza e
sua força geradora. |