Islamismo
Maomé , Livros e doutrinas , Preceitos religiosos , Festas e lugares
sagrados , Divisões do Islamismo
Religião
monoteísta baseada nos ensinamentos de Maomé (chamado O Profeta), contidos
no livro sagrado islâmico, o Alcorão. A palavra islã significa submeter-se
e exprime a obediência à lei e à vontade de Alá (Allah, Deus em árabe).
Seus seguidores são chamados muçulmanos - muslim, em árabe, aquele que se
subordina a Deus. Fundado na região da atual Arábia Saudita, o islamismo é
a segunda maior religião do mundo. Perde apenas para o cristianismo em
número de adeptos. Seus fiéis se concentram, sobretudo, no norte da África
e na Ásia.
Maomé - O nome Maomé (570-632) é uma alteração hispânica de Muhammad, que
significa digno de louvor. O Profeta nasce em Meca, numa família de
mercadores. Começa sua pregação aos 40 anos, quando, segundo a tradição,
tem uma visão do arcanjo Gabriel, que lhe revela a existência de um Deus
único. Na época, as religiões da península Arábica são o cristianismo
bizantino, o judaísmo e uma forma de politeísmo que venera vários deuses
tribais. Maomé passa a pregar sua mensagem monoteísta e encontra grande
oposição. Perseguido em Meca, é obrigado a emigrar para Medina, em 622.
Esse fato, chamado Hégira, é o marco inicial do calendário muçulmano. Em
Medina, ele é reconhecido como profeta e legislador, assume a autoridade
espiritual e temporal, vence a oposição judaica e estabelece a paz entre
as tribos árabes. Quase dez anos depois, Maomé e seu exército ocupam Meca,
sede da Caaba, a pedra sagrada de 15 m de altura que é mantida coberta por
um tecido negro, já então um centro de peregrinação. Maomé morre no ano
632 como líder de uma religião em expansão e de um Estado árabe que começa
a se organizar politicamente.
Livros e doutrinas - O Alcorão (do árabe al-qur'ãn, leitura) é a coletânea
das revelações divinas recebidas por Maomé de 610 a 632. É dividido em 114
suras (capítulos), ordenadas por tamanho. Seus principais ensinamentos são
a onipotência de Deus e a necessidade de bondade, generosidade e justiça
nas relações entre as pessoas. Neles estão incorporados elementos
fundamentais do judaísmo e do cristianismo, além de antigas tradições
religiosas árabes. O Alcorão inclui muitas das histórias do Antigo
Testamento judaico e cristão, como a de Adão e Eva. Depois de desobedecer
a Deus, Adão viajou e construiu a primeira Caaba. Após o dilúvio, Abraão,
considerado o primeiro muçulmano, a reconstruiu. Do Novo Testamento, o
Alcorão registra passagens da vida de Jesus Cristo, reverenciado pelos
muçulmanos como um profeta que em sua religião só é sobrepujado em
importância pelo próprio Maomé. Os muçulmanos acreditam na vida após a
morte, na vinda do anti-Cristo e na volta de Jesus Cristo para vencê-lo,
no Juízo Final e na ressurreição final de todos os mortos. A segunda fonte
de doutrina do Islã, a Suna, é um conjunto de preceitos baseados nos
ahadith (ditos e feitos do profeta).
Preceitos religiosos - A vida religiosa do muçulmano tem práticas
definidas pela Sharia, o caminho que o muçulmano deve seguir na vida. A
Sharia define normas de conduta, comportamento e alimentação, além dos
chamados pilares da religião. O primeiro pilar é a shahada ou profissão de
fé: Não há outro Deus a não ser Alá, e Maomé é seu profeta. Esse
testemunho é a chave da entrada do fiel para o Islamismo. O segundo pilar
são as cinco orações diárias comunitárias (slãts), durante as quais o fiel
deve ficar ajoelhado e curvado em direção a Meca. Às sextas-feiras
realiza-se um sermão de um verso do Alcorão, de conteúdo moral, social ou
político. O terceiro pilar é uma taxa chamada zakat. Único tributo
permanente ditado pelo Alcorão, é pago anualmente em grãos, gado ou
dinheiro. É empregado no auxílio aos pobres e no resgate de muçulmanos
presos em guerras. O quarto pilar consiste em cumprir o jejum completo nos
dias do mês do Ramadã. O quinto pilar é o hajj ou a peregrinação a Meca,
que precisa ser feita pelo menos uma vez na vida por todo muçulmano que
tenha condições físicas e econômicas para realizá-la.
A esses cinco pilares, a seita khawarij adicionou o jihad. Traduzido
comumente como Guerra Santa, significa a batalha para reformar o mundo, um
dos objetivos do Islamismo. É permitido o uso dos exércitos nacionais como
meio de difundir os princípios do islã. Segundo a doutrina muçulmana, as
guerras, porém, não podem visar à expansão territorial nem a conversão
forçada de pessoas. Por isso, o jihad não é aceito por toda a comunidade
islâmica.
Festas e lugares sagrados - As principais comemorações são Eid el Fitr,
Eid el Adha, Dia de Hégira (Ano-Novo) e a comemoração do nascimento de
Maomé. Elas acontecem nessa ordem no decorrer do ano e são definidas
segundo o calendário lunar, por isso têm datas móveis em relação ao
calendário solar. Na Eid el Fitr é comemorado, com orações coletivas, o
fim do Ramadã. Durante todo o nono mês lunar de cada ano, guarda-se o
Ramadã, e, do amanhecer ao pôr-do-sol, o muçulmano celebra a revelação do
Alcorão a Maomé e comemora sua primeira vitória militar contra Meca.
Enquanto é dia, os fiéis não podem comer, beber, fumar ou manter relações
sexuais, embora trabalhem normalmente. Mas as restrições não são mantidas
durante as noites, e as ruas se enchem de pessoas que comemoram
alegremente a revelação feita a seu profeta. A celebração do Eid el Adha
lembra a disposição de Abraão em sacrificar a Alá seu próprio filho,
Ismael (na tradição judaico-cristã o filho seria Isaque). Na época de Eid
el Adha também acontece a peregrinação a Meca. O Ano-Novo islâmico é
comemorado no Dia de Hégira, o 1º do mês Muharram. O marco é o ano de 622,
quando Maomé deixa Meca. Os lugares mais sagrados do Islamismo são Meca,
cidade onde fica a Caaba, Medina, lugar onde Maomé construiu a primeira
Mesquita (templo), e Jerusalém, cidade onde o profeta ascendeu aos céus
durante uma viagem noturna em que foi ao paraíso e se encontrou com Moisés
e Jesus Cristo.
Divisões do Islamismo - Os muçulmanos se dividem em dois grandes grupos
principais, os sunitas (da palavra suna, o caminho) e os xiitas. Os
sunitas subdividem-se em quatro grupos principais, cada um deles com uma
escola de interpretação da Sharia: hanafitas, malequitas, chafeitas e
hambanitas. São os seguidores da tradição do Profeta, continuada por
All-Abbas, seu tio. Calcula-se que 84% dos muçulmanos sejam sunitas. Para
eles, a autoridade espiritual pertence à comunidade. Os xiitas (16% dos
muçulmanos) também possuem sua própria interpretação da Sharia. Seu nome
deriva da expressão "shi at Ali", partido de Ali, que foi marido de
Fátima, filha de Maomé. Seus descendentes teriam a chave para interpretar
os ensinamentos do Islã. A rivalidade entre sunitas e xiitas é exacerbada
com a revolução no Irã, liderada pelo Aiatolá Khomeini, de linha xiita.
Uma corrente das mais antigas, a sufista, surge no século IX e é a mais
mística do Islamismo. Os sufistas enfatizam a relação pessoal com Deus e
praticam rituais que incluem danças e exercícios de respiração para
atingir um estado místico. São membros praticantes do sufismo os faquires,
da Índia e outras regiões da Ásia, e os dervixes, da Turquia.
Historicamente, o Islamismo tem sido marcado pelo surgimento de
movimentos, grupos e correntes de maior ou menor envolvimento político, de
linhas fundamentalista (conservadora) ou moderna.
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