Gran
Moxo
- a cidade dos monumentos extraordinários
Os primeiros
conquistadores espanhóis que puseram o pé na América meridional ouviram os
índios contar-lhes de um reino maravilhoso e extraordinário, de acesso
muito difícil, mas cujo conhecimento valia bem a pena
A
riqueza fabulosa desse país de maravilhas patenteava-se pelo fato mesmo de
seu soberano mostra-se ao seu povo, nas mais belas cerimônias, como o
corpo nu inteiramente recoberto de pó de ouro: daí o nome de El Dourado
("o Dourado", "homem dourado") que os aventureiros espanhóis deram muito
naturalmente ao soberano, depois, por extensão, ao próprio país.
Desde o século XVI, aventureiros, primeiro espanhóis e portugueses, depois
pertencentes a outras nações da Europa, lançaram-se com intrepidez à
procura desse paradisíaco El Dourado. Para os viajantes que descobriram,
extasiados, no México, na América Central e depois no Peru, monumentos,
costumes e objetos de arte que lhes pareciam de uma suntuosidade incrível,
de uma estranheza nova e fascinante, não era normal que, a partir daí,
imaginassem a existência de coisas ainda mais fantásticas e maravilhosas
nas regiões ainda não exploradas?
Mas pode-se realmente eliminar a existência do El Dourado? Em pleno século
XX, os homens ainda se lançam à sua procura, entre eles grandes
personalidade, como o coronel Fawcett, um dos amigos do célebre "mago"
britânico contemporâneo Aleister Crowley. Seria injusto considerá-los
sonhadores inconsistentes.
Em 1601, Bario Centenera visitou, próximo às nascentes do Rio Paraguai, a
misteriosa cidade de Gran Moxo, da qual descreve os monumentos
extraorinários e, entre eles uma coluna dotada de iluminação por um
sistema artificial notavelmente aperfeiçoado: "No cume desse pilar, a uma
altura de 7,75 m havia uma grande lua que iluminava todo o lago com seu
clarão, dispersando, dia e noite, a obscuridade e a sombra".
Nas partes ainda inexploradas da selva Amazônica, assim como em regiões
menos conhecidas da Cordilheira dos Andes, os índios gabam-se de contatos
ocasionais com um povo desconhecido de raça branca que habita uma cidade
escondida no coração da misteriosa floresta ou em alturas inacessíveis.
O arqueólogo inglês Harold T. Wilkins publicou uma obra com o título
significativo : Cidades Secretas da América do Sul (Londres, 1956) . Mas,
antes dele, vários autores tinham conjeturado a existência de incríveis
prodígios no coração do Brasil. O Brasil central é rico em vestígios
arqueológicos suscetíveis de perturbar o sono de muitos defensores da
ortodoxia.
Descobriu-se, em ruinas enterradas na selva virgem, toda uma série de
inscrições em uma língua desconhecida. Quanto às escritas em linguagens
clássicas, elas infrigem também manifrestos desmentidos aos dogmas
arqueológicos: não foram achadas no Brasil inscrições fenícias que davam
nomes e datas do reinado de soberanos de Sidon e de Tiro? Em certas tribos
indígenas da Amazônia, descobre-se a presença bem insuspeita de uma
divindade cartaginesa: Kéri. É cada vez menos possível negar que
navegadores antigos (Fenícios, Cretenses, Gregos e Chineses) tenham
conseguido outrora tocar a América, muito séculos antes de Colombo. O
ceticismo é uma atitude insustentável na matéria; estamos habituados há
algumas gerações a ver o Atlântico e o Pacífico atravessados unicamente
por navios de grande tonelagem; e, entretanto, basta, sem ir muito longe,
lembrar as modestas dimensões das três caravelas de Cristovão Colombo - os
navios fenícios ou gregos eram já tão grandes quanto elas --- para dar-se
conta que somos vítimas, nisto como em muitos outros assuntos, de nossos
hábitos de pensar.
O Peru ainda não revelou todos os segredos de suas extraordinárias cidades
ciclopeanas. O fantástico torna-se ainda mais atual se nos fixamos não
mais nos monumentos, nos conjuntos mortos, arruinados, mas nestas cidades
misteriosas que são ainda habitadas em pleno século XX. É falso afirmar
que a exploração aérea mais banal bastaria para desvendar tudo. De uma
parte as regiões da imensa floresta virgem tropical ou equatorial se
prestam muito singularmente para a arte da camuflagem, mesmo em vasta
escala. De outra parte, as regiões existem, segundo tradições e
levantamentos diversos, uma ou várias "cidades atlantes perdidas", estão
localizadas inteiramente fora dos itinerários aéreos normais e não
facilitam absolutamente a exploração por meio de pequenos aparelhos de
reconhecimento.
Deve-se pensar que o coronel P. H. Fawcett portara-se como iluminado ou
como brincalhão quando pretendia, em 1925 , ter descoberto a misteriosa
"cidade perdida" atlante de Mato Grosso? Seria realmente muito fácil
afirmá-lo. Fawcett desapareceria durante uma exploração; nenhuma prova de
sua morte pôde jamais ser fornecida e nada impede, portanto, de imaginá-lo
prisioneiro dos misteriosos ocupantes da cidade perdida....
Nas
partes ainda inexploradas da selva Amazônica, assim como em regiões menos
conhecidas da Cordilheira dos Andes, os índios gabam-se de contatos
ocasionais com um povo desconhecido de raça branca que habita uma cidade
escondida no coração da misteriosa floresta ou em alturas inacessíveis |