Coronel da Força Aérea Brasileira (FAB) rompe silêncio sobre UFOs
Um militar da reserva da FAB dá
depoimento exclusivo à Revista UFO sobre pesquisas ufológicas na Amazônia. Este
texto foi publicado em duas partes nas edições 54 e 55 da revista, e aqui é
reapresentado na íntegra
A. J. Gevaerd, editor e coordenador
Uyrangê Bolívar Soares Nogueira de
Hollanda Lima . Este é o nome do primeiro oficial de nossas forças armadas a
vir a público falar sobre as atividades de pesquisas ufológicas desenvolvidas
secretamente no Brasil. Com nome de guerra Hollanda, hoje coronel reformado da
Força Aérea Brasileira (FAB), 57 anos, foi ele quem comandou a famosa e polêmica
Operação Prato, realizada na Amazônia entre setembro e dezembro de 1977. Foi ele
quem estruturou, organizou e colheu os espantosos resultados desse que foi o
único projeto do gênero de que se têm notícias em nosso país.
Homem extremamente objetivo,
impressionantemente culto e com vívida memória de inúmeros episódios de sua
carreira militar – especialmente em relação à Ufologia inúmeros episódios de sua
carreira militar – especialmente em relação à Ufologia –, Hollanda recebeu a Revista UFO em seu apartamento à beira mar, em
Cabo Frio, litoral do Rio de Janeiro, para uma longa e proveitosa entrevista.
Das 48 horas em que o editor A. J. Gevaerd e o
co-editor Marco Antonio Petit passaram em sua residência, ambos colheram uma
valiosíssima quantidade de informações ufológicas inéditas e espetaculares. Sua
atitude de quebrar um silêncio de 20 anos sobre o assunto não é por acaso.
Hollanda tem acompanhado a trajetória da Ufologia Brasileira desde o surgimento
da Revista UFO, há quase duas décadas . Em 1985, oito anos após a realização da
Operação Prato, e ainda com a memória fresca sobre os inúmeros casos ufológicos
que viveu, a revista Ufologia
Nacional & Internacional (antecessora de UFO), recebeu de uma fonte
confidencial ligada à Aeronáutica uma série de fotos de UFOs que teriam sido
tiradas pela FAB na Amazônia.
Eram fotografias
secretas, obtidas oficialmente pelos militares que compunham a operação. Esse
material tinha que ser publicado para que todos soubessem a seu respeito, mesmo
que pudesse trazer problemas legais para a revista. E assim foi feito: as fotos
e um texto sobre o assunto – sobre o pouco que sabíamos na época a respeito da
Operação Prato – foram publicados. Evidentemente, os oficiais que integraram a
operação não gostaram de nossa atitude, em especial o comandante do 1º Comando
Aéreo Regional (COMAR), de Belém (PA), que determinou a criação de tal projeto e
que o mesmo fosse mantido em segredo, também por instruções superiores vindas de
Brasília. Ninguém foi punido, até porque nunca se soube quem era nossa fonte de
informação, e a revista não sofreu qualquer penalidade legal além de algumas
ameaças pouco explícitas.
Recepção formal
Mas o recado foi dado: nossos leitores passaram a
saber que uma missão de investigação oficial de UFOs, conduzida pela FAB, foi
realizada na Amazônia em sigilo, resultando em experiências diversas vividas
pelos militares envolvidos e na confirmação não só da realidade do Fenômeno UFO
como também de sua origem extraterrestre. Nem o próprio Hollanda, que não
conhecíamos ainda, chegou a se aborrecer com o que fizemos, pois julgou
importante que todos soubessem dos fatos.
Depois disso, já baixada a poeira, Hollanda, ainda com patente de capitão,
passou a acompanhar os passos de nossa revista, constatando de longe a seriedade
do trabalho desenvolvido pela Equipe UFO. Nosso interesse por maiores
informações sobre a Operação Prato nos levou a contatá-lo em Belém, em 1988, em
seu posto no 1º COMAR. Hollanda nos recebeu com formalidade, mas bastante
receptivo. Evidentemente, não pôde oferecer-nos as informações que buscávamos,
mas notou nossa insistência em ter o assunto disseminado publicamente. Por isso,
tentamos ainda um novo contato no início dos anos 90, quando o oficial já estava
prestes a se aposentar. Nessa ocasião, num encontro casual, trocamos algumas
idéias, mas nada além disso. Ainda não seria dessa vez que teríamos conhecimento
dos detalhes das descobertas da FAB na Amazônia.
Hora certa para revelar os fatos
No entanto, há cerca de três meses, quando alguns
membros da Equipe UFO estiveram no programa Fantástico, numa matéria específica
sobre o sigilo imposto aos discos voadores pelos governos – especialmente do
Brasil –, Hollanda, já na reserva, viu que era hora de quebrar o silêncio.
Aposentado desde 1992, logo na segunda-feira seguinte ao programa ele nos
telefonou para retomar o contato e colocar-se à nossa disposição. Disse que já
havia passado bastante tempo desde a Operação Prato e que julgava já ser hora de
se falar a respeito. Quando questionamos sobre a possibilidade de punições de
seus superiores, disse que não se preocupava com isso. “Estou na reserva, cumpri
minha missão para com a Aeronáutica. O que eles podem me fazer? Prender?
Duvido!” , exclamou.
Ao recebermos tamanho
sinal verde, não tivemos dúvida e, com seu consentimento, colocamos o repórter
Luiz Petry, produtor do Fantástico, e Bia Cardoso, da Manchete, a par da
situação. Eles foram os primeiros a chegar a Cabo Frio e entrevistar Hollanda.
Com isso, cumpríamos com nossa obrigação de informar a Imprensa sobre fatos
dentro da esfera ufológica. Por mais que pudéssemos (e fôssemos tentados a)
guardar para a Revista UFO o “furo” de reportagem, não tínhamos esse direito.
Uma quantidade imensamente maior de pessoas teria acesso às informações que
Hollanda divulgaria através desses programas de televisão, contra um número
restrito a pouco mais de 20 mil leitores cativos da UFO.
Mesmo assim, evidentemente, cabe à nossa
revista levar a seus leitores informações completas, aprofundadas e
surpreendentes, que o agora coronel nos revelou nesta reportagem exclusiva. Mais
do que entrevistado, Hollanda transformou-se num querido amigo e aceitou, sem
titubear, o convite que formulamos para vir a ser um consultor de UFO.
Experiência não lhe falta! Em seus quatro meses de Operação Prato, além de
muitos outros passados na selva em missões onde o Fenômeno UFO estava presente,
teve a oportunidade não apenas de conhecer detalhes sobre o assunto, mas de
viver ele próprio dezenas de espetaculares experiências com objetos enormes e à
curta distância. Hollanda se recorda dos detalhes de ocorrências assustadoras
passadas na selva em que UFOs do tamanho de prédios de 30 andares aproximaram-se
a não mais do que 100 m de onde estava.
Na
época, casado pela segunda vez e vivendo uma vida pacata em Cabo Frio, após 36
anos de atividade militar – nos quais desenvolveu funções que vão desde chefe do
Serviço de Intendência do 1º COMAR a chefe do Serviço de Operações de Informação
(A2) e coordenador de Operações Especiais de Selva, Hollanda é um homem
realizado. E franco. “Gevaerd, a Operação Prato tinha o objetivo de
desmistificar aqueles fenômenos na Amazônia. Eu mesmo era cético a respeito
disso”, disse ao editor de UFO. “Mas depois de algumas semanas, quando os UFOs
começaram a aparecer de todos os lados, enormes ou pequenos, perto ou longe, não
tive mais dúvida” , desabafa. É esse fantástico depoimento que se inicia a
seguir e que terá continuidade em nossa próxima edição, dado seu extenso volume.
Entrevista histórica com o Coronel Uyrangê Bolívar Soares Nogueira de Hollanda Lima e a Revista UFO.
“Na época da Operação Prato, em 1977, eu não podia falar a respeito, porque tinha minha obrigação militar. O que eu falasse seria interpretado como sendo a palavra oficial da FAB. Por isso, não tinha autorização nenhuma”
UFO — Coronel, o senhor é o primeiro
militar a vir a público e admitir tudo o que pretende nesta entrevista. Quais
são as razões para isso?
Hollanda — Em 1977, quando
ocorreram as coisas que vou descrever, fui muito procurado por ufólogos e pela
Imprensa para fazer alguma declaração a respeito. Mas não podia falar na época,
porque tinha uma obrigação militar. Eu havia cumprido uma missão e não podia
revelar qual era. Minha fidelidade era apenas para com meu comandante. Mas
depois de quatro meses de estudos e pesquisas, a Aeronáutica interrompeu a
Operação Prato. O comandante tinha ficado satisfeito com os resultados e não me
competia julgar, na época, se isso era certo ou errado. Parte 3
UFO — Então o senhor evitou falar sobre a Operação Prato
esse tempo todo?
Hollanda — Eu não podia falar. E também
não tinha vontade. Conversei com vários ufólogos, entre eles o general Uchôa, e
fui procurado até por pessoas dos EUA, inclusive Bob Pratt [Autor do livro Perigo
Alienígena no Brasil ] . Conversamos muito em off . Minha posição como
militar colocaria o Ministério da Aeronáutica numa situação difícil de se
explicar, e além disso havia punições para quem tratasse desse assunto sem
autorização. Eu não tinha permissão nem do meu comandante, quanto menos do
ministro. E o que eu falasse seria interpretado como sendo a palavra oficial da
Força Aérea Brasileira (FAB). Mesmo assim, após o encerramento da Operação
Prato, pesquisei e mantive contato com ufólogos de vários países e nunca falei
nada a respeito.
UFO — O senhor se reformou da FAB em 1992. Não passou pela
sua cabeça conversar com ufólogos antes e relatar tais fatos?
Hollanda — Eu apenas conversava com eles, sem entrar em
detalhes. Conversei muito com Bob Pratt quando ele veio ao Brasil, com dona
Irene Granchi, com Rafael Sempere Durá, e outros. Mas nunca disse que queria
falar à televisão ou coisa assim. Pediram-me que escrevesse um livro, mas nunca
me interessei. Hoje penso diferente: acho que já deve ser dita alguma coisa
sobre a Operação Prato. Esse assunto deve ser propalado e explicado, pois vou
fazer 60 anos daqui a pouco. De repente posso morrer, e aí história se acaba…
UFO — Por ter procurado a Revista UFO para dar estas
declarações, quer dizer que confia que ela vá fazer um trabalho sério de
divulgação sobre o que o senhor está falando?
Hollanda — Há
muitos anos, em 1987 ou 1988, estive conversando com você [Dirigindo-se a
Gevaerd] e não pude autorizar a publicação de nada sobre o que falamos em sua
revista. Mesmo assim você o fez, por achar que o assunto não poderia ficar
escondido… Eu estava na ativa e não podia dar nenhuma declaração formal. O que
saiu publicado foi sem permissão, o que nos causou um pouco de complicação à
época. Mas precisava ser dito. Alguns anos depois, eu já estava na reserva e a
coisa tinha mudado. Já podia fazer declarações sem problemas. E por saber de sua
seriedade, da Revista UFO e de seus demais membros, hoje sinto mais
tranqüilidade para falar sem correr o risco disso virar sensacionalismo. Não
creio que esta revista vá dar tal conotação a essa matéria apenas para aumentar
suas vendas.
UFO — Obrigado pela confiança, coronel. Mas como é que tudo
começou? Qual foi o estopim inicial de seu interesse por Ufologia? Foi anterior
à Operação Prato?
Hollanda — Em 1952 eu tinha 12 anos e
estava na janela de minha casa, em Belém, quando apareceram uns objetos muito
grandes que me chamaram a atenção. Havia uma luz imensa sobre a cidade. No dia
seguinte a história estava publicada no jornal. A matéria dizia que aquilo tinha
parado sobre uma federação de escoteiros, durante um campeonato de natação, e
todo mundo viu. Foi aí que surgiu meu interesse por essas coisas, bem antes de
ser militar e muito antes da Operação Prato. Sempre acreditei em vida
extraterrena e na possibilidade de “eles” terem a curiosidade de nos observar.
Somos um planeta com vida inteligente que deve suscitar o interesse de
extraterrenos.
UFO — O senhor chegou a engajar na Aeronáutica por causa de
seu interesse pela vida fora da Terra?
Hollanda — Não.
Sempre tive uma paixão muito grande pela aviação e pela vida militar. Como
aviador da FAB, cheguei a ser chefe do Serviço de Intendência, no qual tinha
muitas atribuições. Minha função era dar suporte administrativo e financeiro
para ações do comando ao qual servia. Também fui chefe de operações do Serviço
de Informações do meu comando. Era uma tarefa ligada à segurança do Estado,
combate aos movimentos subversivos durante a efervescência após a Revolução de
64. Combatíamos as ações de terroristas e de partidos comunistas que tentavam se
infiltrar no país.
UFO — Consta em seu currículo também uma função bastante
interessante, como chefe do Serviço de Operações Especiais de Selva. O senhor
deve ter um monte de experiências para contar…
Hollanda —
Sim. A FAB tinha um projeto de fazer um “colar de fronteiras”. Era
idéia de um brigadeiro inteligentíssimo chamado Camarão [João Camarão Teles
Ribeiro] , que tinha muito conhecimento da Amazônia. Ele queria formar
pontos-chave por todas as fronteiras, construir campos de pouso de 200 em 200 km
ao lado de missões religiosas protestantes ou católicas, e assentar lá
agrupamentos que dessem assistência aos índios. A FAB daria suporte a tudo isso.
Eu trabalhei nessa operação como pára-quedista, pois tinha bastante
adaptabilidade a esse tipo de atividade.
UFO — O senhor efetuou então muitas missões na selva. E
apareciam muitos índios?
Hollanda — Eram muitas tribos
indígenas, com muitos de seus componentes abrindo áreas na mata para construção
de campos. Alguns eram aculturados, outros não. Mas, a gente sempre trabalhava
em algumas missões em contato com eles. Nessa época, as ações do Parasar sempre
estavam em alta [Pára-quedismo e Salvamento, do termo em inglês Parachute Search
and Rescue] . Eu era um pára-quedista responsável por ações de busca e
salvamento na selva.
UFO — Durante essa época, o senhor tomou conhecimento de
algum tipo de descoberta relacionada à Arqueologia ou alguma observação, feita
por militares na Amazônia, ligada a esse tipo de programa?
Hollanda
— Sim, alguns colegas tiveram experiências do gênero, principalmente um
amigo meu, que relatou que estava sobrevoando a selva e ficou surpreso ao ver
uma formação piramidal coberta pela vegetação, no meio do nada. Parece que ali
tinha existido algum núcleo de uma civilização muito antiga e que fora
abandonada, tendo a selva tomado conta de tudo. Mas havia uma formação piramidal
nítida, com ângulos perfeitos no Amazonas. Só não posso precisar exatamente
onde. Mas, se não me engano, foi na região do Rio Jaguari. Isso me foi relatado
pelo coronel Valério.
UFO — Coronel, agora que sabemos bastante sobre sua
atividade na FAB, vamos falar de Ufologia. Qual foi sua primeira participação na
pesquisa ufológica oficial dentro da Aeronáutica? Foi a Operação Prato ou já
havia alguma coisa antes disso?
Hollanda — Não, de minha
parte não. Minha atividade era somente a segurança do Estado e as coisas que
envolviam o comprometimento da segurança nacional. Não tinha nada a ver com UFOs
ou ETs… Mas eu já tinha conhecimento de alguns casos acontecendo na Amazônia.
UFO — Esses casos atraíam, de alguma maneira, interesse ou
preocupação por parte das Forças Armadas, no sentido de que fossem uma ameaça
externa à soberania nacional?
Hollanda — Não eram vistos
como ameaça externa. Os UFOs eram encarados mais como um fenômeno duvidoso.
Alguns oficiais – talvez até a maioria deles – viam os UFOs como uma coisa
improvável e faziam muita gozação a respeito. Faziam tanta brincadeira que acho
que foi sorte essa Operação Prato sair. Acho que só aconteceu mesmo porque o
comandante do 1º COMAR [Brigadeiro Protásio Lopes de Oliveira] , na época, tinha
muito interesse nisso e acreditava em UFOs. Se não...
UFO — Como surgiu a idéia da Operação Prato? Foi um projeto
seu, do comandante do 1º COMAR ou uma coisa do Governo?
Hollanda
— Eu não estava em Belém nessa época. Embora estivesse servindo na
cidade, fazia um curso em Brasília. Mas quando retornei, apresentei-me ao chefe
da Segunda Seção do 1º COMAR [Coronel Camilo Ferraz de Barros] e ele me
perguntou se eu acreditava em discos voadores. Foi meio de surpresa. Eu nem
sabia que estava ocorrendo uma pesquisa sobre o assunto. Quando respondi que
sim, ele falou “…então você está encarregado deste caso” , e me deu uma pasta
com o material. Era o início da operação, da qual eu ficaria encarregado, embora
nem nome ainda tivesse.
UFO — De onde veio a idéia de a operação se chamar Prato?
Hollanda — Essa idéia foi minha. Dei esse nome porque o
Brasil é o único país no mundo que chama UFO de disco voador. Em francês é
soucoupe volante , que significa pires. Os portugueses o chamam de prato voador.
Na Espanha é platillo volador , e platillo é prato também. Enfim, até em russo
se fala prato, nunca disco, como se faz no Brasil! E como nas Forças Armadas a
gente nomeia algumas operações com uma espécie de código, esse caso não podia
ser exceção, ainda que não pudesse ser identificado o objetivo da operação. Por
exemplo, não poderíamos chamá-la de Operação Disco Voador. Por isso, ficou
Operação Prato.
“Os UFOs eram encarados como um fenômeno duvidoso. Alguns oficiais (talvez a maioria deles) os viam como algo improvável, fazendo gozações sobre eles “
UFO — Se o senhor recebeu uma pasta de seu chefe, então quer
dizer que já havia em andamento alguma investigação a respeito?
Hollanda — Sim, quando eu cheguei de Brasília já havia
agentes sendo enviados para investigar as ocorrências de UFOs, porque essa coisa
já estava acontecendo há muito tempo na região de Colares, que é uma ilha
pertencente ao município de Vigia, no litoral do Pará. O prefeito da cidade
mandou um ofício para o comandante do 1º COMAR avisando que os UFOs estavam
incomodando muito os pescadores. Alguns deles não conseguiam mais exercer sua
atividade, pois os objetos sobrevoavam suas embarcações. Às vezes, alguns até
mergulhavam ao lado delas, nos rios e mares. E a população local passava a noite
em claro. As pessoas acendiam fogueiras e soltavam fogos para tentar afugentar
os invasores. Foi o pavor que fez com que o prefeito se dirigisse ao comando do
1º COMAR pedindo providências, e o brigadeiro mandou que eu fosse investigar as
ocorrências.
UFO — Em algum momento houve a participação ou instrução de
Brasília para que a situação fosse averiguada?
Hollanda —
Na época, não participava das discussões. Era apenas um capitão e recebia
ordens, somente. Eu não fiz parte desse trâmite e não sei como as decisões foram
tomadas ao certo. Mas, pelo pouco que sei, a decisão foi do comando do 1º COMAR.
Se houve envolvimento de Brasília, eu não tomei conhecimento…
UFO — Como é que o senhor estruturou a Operação Prato:
quantas divisões, quantas pessoas, quantas missões etc? Enfim, como o senhor
organizou todas as tarefas?
Hollanda — Bem, nós éramos uma
equipe. Eu era o chefe dela. E tínhamos cinco agentes, todos sargentos, que
trabalhavam na segunda seção do 1º COMAR. Além disso, tínhamos informantes aos
montes, gente nos locais de aparição das luzes, em campo, que nos ajudava. Às
vezes eu dividia a equipe em duas ou três posições de observação diferentes na
mata. Claro que ficávamos constantemente em contato uns com os outros, através
de rádio.
UFO — Qual era o objetivo imediato da Operação Prato?
Observar discos voadores, fotografá-los e contatá-los?
Hollanda
— Olha, eu queria mesmo é tirar à prova essa coisa toda. Queria botar
isso às claras. Porque todo mundo falava nas luzes e objetos e até os apelidaram
com nomes populares, tais como Chupa-chupa. E a FAB precisava saber o que estava
realmente acontecendo, já que isso se dava no espaço aéreo brasileiro. Era nossa
a responsabilidade de averiguar. Mas no início da Operação Prato, eu queria
mesmo era uma confirmação do que estava acontecendo.
UFO — O que motivou a população local a chamar as luzes de
Chupa-chupa?
Hollanda — Havia uma série de relatos de
pessoas que tinham sido atingidas por um raio de luz. Todas julgavam que o
efeito sugava-lhes o sangue. E realmente! Verificamos alguns casos e descobrimos
que várias delas, principalmente mulheres, tinham estranhas marcas em seus seios
esquerdos, como se fossem dois furos de agulha em torno de uma mancha marrom.
Parecia queimadura de iodo. Então as pessoas tinham o sangue sugado, em pequena
quantidade, por aquelas luzes. Por isso passaram a apelidá-los de Chupa-chupa.
Era sempre a mesma coisa: uma luz vinha do nada e seguia alguém, geralmente uma
mulher, que era atingida no seio esquerdo. Às vezes eram homens que ficavam com
marcas nos braços e nas pernas. Na verdade, a cada dez casos, eram mais ou menos
oito mulheres e dois homens.
UFO — E vocês documentaram as marcas verificadas nas
pessoas?
Hollanda — Sim, foi tudo visto e analisado por
médicos, que às vezes iam conosco aos locais. Sinceramente, eu entrei nessa como
advogado do diabo. Queria mesmo era desmistificar essa estória e dizer ao meu
comandante que essa coisa não existia, que era alucinação coletiva, sei lá.
Achava que alguma coisa estava sendo vista, mas que não era extraterrestre…
UFO — O senhor imaginava que fosse o que, então, que estava
sendo visto e até atacando as pessoas?
Hollanda — Não sei
bem. Talvez a plumagem de uma coruja refletindo a luz da lua ou alguma outra
coisa dessa natureza. Até acreditava em extraterrestres, mas não que as pessoas
os estivessem vendo. E eu fui para lá verificar se era realmente isso. Passei
pelo menos dois meses respondendo ao meu comandante, quando voltava das missões,
que nada havíamos descoberto. Eram os primeiros dois meses da operação Prato,
nos quais nada vi que pudesse mudar minha opinião. Às vezes passava uma semana
no mato e voltava apenas no domingo, para conviver um pouquinho com a família. A
cada retorno, meu comandante perguntava: “ Viu alguma coisa?” . E eu sempre
respondia: “Vi luzes estranhas, ao longe, mas nada extraterrestre” . De fato,
víamos luzes que piscavam, que passavam à baixa altitude, mas nunca nada de
muito estranho…
UFO — Isso era durante a noite. E o que acontecia durante o
dia? Vocês tinham alguma outra atividade incorporada à Operação Prato?
Hollanda — Sim, tínhamos outras coisas a fazer, que eram
parte dos objetivos da operação. Fazíamos entrevistas com pessoas que tiveram
experiências, preparávamos os locais para passar a noite e buscávamos lugares
“quentes” para fazer vigílias. Quando descobríamos que algo aparecera em tal
lugar, para lá nos deslocávamos. Fazíamos um levantamento da situação, e sempre
cadastrávamos os nomes dos envolvidos em um formulário próprio.
UFO — Que procedimento ou metodologia era utilizado na
coleta de informações?
Hollanda — Sempre colocávamos o nome
da pessoa que teve a experiência, o local onde ocorreu, horário etc. Fazíamos
uma descrição de cada fato ocorrido na mesma localidade. Assim, se acontecessem
três casos numa noite, a gente ouvia três testemunhas. Algumas das descrições
eram comuns, outras mais estranhas. Às vezes recebíamos relatos de coisas que
não podíamos comprovar a autenticidade, como desmaterialização de paredes
inteiras ou de telhados, por exemplo.
“A Operação se chamou Prato em alusão à forma como são denominados os discos voadores no mundo e seguindo o código das Forças Armadas, que determina a não identificação do propósito da missão”
UFO — Como assim? O senhor tem algum caso para ilustrar esse
tipo de ocorrência?
Hollanda — Sim. A primeira senhora que
entrevistei em Colares, por exemplo, disse-me coisas absurdas. Tínhamos saído de
helicóptero de Belém só para ouvirmos uma mulher que tinha sido atacada pelo
Chupa-chupa. Vi que ela tinha realmente uma marca no seio esquerdo. Era marrom,
como se fosse uma queimadura, e tinha dois pontos de perfuração. Quando
conversamos, relatou-me que estava sentada numa rede fazendo uma criança dormir
quando, de repente, o ambiente começou a mudar de temperatura. A senhora achou
aquilo esquisito, mas nem imaginava o que iria ocorrer a seguir. Então, deitada
na rede, viu que as telhas começaram a ficar avermelhadas, em cor de brasa. Em
seguida, ficaram transparentes e ela pôde ver o céu através do telhado. Era como
se as telhas tivessem se transformado em vidro. Ela via o céu e até as estrelas…
UFO — Histórias bizarras como essa eram muito comuns durante
a execução da Operação Prato?
Hollanda — Muito, e me
assustavam bastante, porque nunca tinha ouvido falar nessas coisas. Quando ouvia
casos assim, ficava cada vez mais preocupado e curioso. Essa gente parecia ser
sincera. Por exemplo, através do buraco que a mulher descreveu ela viu uma luz
verde brilhando no céu. A senhora então ficou meio dormente, até que, em
seguida, um raio vermelho que saiu do UFO atingiu seu seio esquerdo. Era curioso
que na maioria das vezes as pessoas eram atingidas do lado esquerdo. E tem mais:
exatamente na hora em que estávamos falando disso, uma menina chegou perto e
disse: “Olha, aquilo está passando aqui em cima” . Quando saí da casa, vi cruzar
a luz que a moça estava apontando, numa velocidade razoável, ainda que o céu
estivesse bastante encoberto. Não era muito veloz e piscava a cada segundo,
dirigindo-se ao norte. Parecia até um satélite, só que essa luz voltou em nossa
direção – e satélites não fazem isso! Logo em seguida, aquilo ficou mais
estranho ainda. Mesmo assim, não poderia dizer se era uma nave extraterrestre.
Aliás, eu não estava lá para classificar qualquer coisa que surgisse como sendo
disco voador.
UFO — Vocês utilizavam algum tipo de equipamento de radar
que pudesse confirmar ou fazer acompanhamento desses fenômenos?
Hollanda — Não. Todos os aeroportos têm radares fixos. Nós
não portávamos nada desse tipo.
UFO — Os ataques que estavam acontecendo com certa
freqüência eram comunicados ao Governo, às autoridades estaduais ou municipais?
Hollanda — Sim, claro. Vários médicos da Secretaria de
Saúde do Pará foram enviados pelo governo para examinar as pessoas. Eles
analisavam o lugar queimado e tomavam depoimentos dos pacientes, mas não faziam
mais nada – nem tinham como. Algumas vítimas se recuperavam facilmente. Outras
ficavam muito apavoradas. Havia umas que diziam ficar enjoadas, com o corpo
dormente por vários dias. Um cidadão uma vez veio me procurar para dizer que
próximo à sua casa tinha surgido uma luz, que focou um raio brilhante em sua
direção. Ele me relatou ter ficado tão apavorado que correu para dentro da casa,
pegou uma arma e apontou para a luz. Aí veio outra ainda mais forte que fez com
que ele caísse. O pobre coitado passou uns quinze dias com problemas de
locomoção, mas não houve nada mais sério. Ele não foi atingido por nada sólido,
como um tiro, por exemplo. Parece que a natureza dessa luz é uma energia muito
forte que deixa as pessoas sem movimento. Acredito que as autoridades federais
estavam informadas de que esse tipo de ataque a humanos estava acontecendo na
região, mas desconheço provas. Eu apenas recebia ordens de meu comandante, mais
nada.
UFO — Se esses depoimentos foram coletados desde o início da
Operação Prato, quando foi que o senhor teve seu primeiro contato frente a
frente com UFOs naquela região?
Hollanda — Foi bastante
significativo. Certa noite, nossa equipe estava pesquisando na Ilha do
Mosqueiro, num lugar chamado Baía de Sol [Um balneário conhecido de Belém, bem
próximo a Colares], pois havia informações de que lá estavam acontecendo coisas.
E como estávamos investigando todo e qualquer indício de ocorrências ufológicas,
fixamo-nos no local. Nesse período, os agentes que tinham mais tempo do que eu
nessa operação – já que “peguei o bonde andando” –, questionavam-me o tempo
todo, após vermos algumas luzinhas, se eu já estava convencido da existência do
fenômeno. Como eu ainda estava indeciso, diziam-me: “Mas capitão, o senhor ainda
não acredita?” Eu respondia que não, que precisava de mais provas para crer que
aquelas coisas eram discos voadores. Eu não tinha visto, até então, nave alguma.
Somente luzes, muitas e variadas. E não estava satisfeito ainda.
UFO — Eles deram início à operação antes e tinham visto mais
coisas? Mas e aí, o que aconteceu?
Hollanda — Eles
avistaram mais coisas e acreditavam mais do que eu. E me pressionavam: “Como
pode você não acreditar!” Um desses agentes era o sub-oficial Flávio [João
Flávio de Freitas Costa, já falecido], que até brincava comigo dizendo que eu
era cético enquanto uma dessas coisas não viesse parar em cima de minha cabeça.
“Quando isso acontecer e uma nave acender sua luz sobre o senhor, aí eu quero
ver” , dizia ele, sempre gozando de meu descrédito. E eu retrucava que era isso
mesmo: tinha que ser uma nave grande, bem visível, se não, não levaria em conta.
E para que fui dizer isso naquela noite? Acabávamos de fazer essas brincadeiras
quando, de repente, algo inesperado aconteceu. Apareceu uma luz, vinda do norte,
em nossa direção, e se aproximou. Aí ela se deteve por uns instantes, fez um
círculo em torno de onde estávamos e depois foi embora. Era impressionante: a
prova cabal que eu não podia mais contestar. Eu pedi e ali estava ela! Foi então
que levei uma gozada da turma. “E agora?” , os soldados me diziam…
UFO — Quando foi isso?
Hollanda — Em
novembro de 1977, logo no início da operação. O objeto tinha uma luz que se
parecia com solda de metal, como solda elétrica. Foi curioso, pois quando era
menino ouvia muitas histórias de coisas que a gente não conseguia enxergar por
possuírem luminosidade muito forte. E foi o que eu vi, junto à minha equipe: uma
luz azul, forte, de brilho intenso. Mas não vi a forma do UFO, só a luz que
emanava.
UFO — Vocês fotografaram esse objeto brilhante?
Hollanda — Fotografávamos tudo o que aparecia, mas levamos
um “baile” durante uns dois meses com as fotos, pois nelas não saía nada. Sempre
tínhamos os objetos bem focalizados, preenchendo todo o quadro da máquina, mas
quando revelávamos os negativos, nada aparecia. Pensávamos, às vezes: “Ah, agora
vai sair” , mas nada… Isso acontecia com freqüência, até que ocorreu um fato
inusitado. Eu estava analisando os positivos, muito chateado por não conseguir
imprimir as imagens que víamos em nossas missões, quando peguei uma lanterna que
usava em operações de selva, e fiz uma experiência. Foi a sorte…
UFO — E o que aconteceu?
Hollanda — A
lanterna tinha uma luz normal e forte numa extremidade e uma capa vermelha na
outra, que servia para sinalização de selva. Era de um material semi
transparente de plástico, tipo luz traseira de carro. Tirando-se a tal capa
vermelha havia um vidro fosco. Eu olhei para aquilo e me lembrei que os médicos
examinam as radiografias num aparelho que tem um quadro opaco com luz por trás
[Radioscópio] . Este equipamento ajuda a fazer contraste de luz e sombra numa
chapa de raio-x. Assim, tive a idéia de pegar um filme já revelado e contrapô-lo
ao vidro fosco da minha lanterna de selva. Foi então que pude ver um ponto que
não conseguia enxergar antes! Eu não estava procurando marca ou objeto algum.
Procurava uma luz, pois foi isso o que vimos na selva ao batermos as fotos. Só
que a tal luz não aparecia, e sim o objeto por trás dela. No caso do rolo que
estava analisando, vi um cilindro, que aparecia em todos os demais fotogramas.
Ficou claro, então, que não conseguia imprimir a luz do objeto na foto, mas sim
a parte sólida dele, talvez por uma questão de comprimento de onda, não sei. Não
entendi por que a luz do UFO não impressionava aquele filme, somente a parte
sólida. Depois, concluímos que aquele objeto seria uma sonda em forma de
cilindro.
UFO — Vocês fizeram muitas fotografias de
UFOs como essas?
Hollanda — E como! Fizemos mais de 500.
Eram dezenas de rolos de filmes, uma caixa de papelão cheia deles. Em quase
todos os fotogramas havia UFOs ou sondas. E veja você: todos aqueles negativos
ficaram na minha frente, por quase dois meses de trabalho, e não conseguíamos
nada. Não saía luz alguma nas fotos… Aí, depois do que descobri, fomos olhá-los
novamente, e havia imagens fantásticas. Depois foi só mandar ao laboratório do
1º COMAR para ampliar e ver lindas sondas e UFOs nas fotografias. Dezenas deles!
“Antes da Operação Prato já havia uma investigação preliminar sobre casos de UFOs no Pará. O prefeito da cidade de Colares comunicou ao 1º COMAR que UFOs sobrevoavam a região"
UFO — Depois de sua descoberta vocês fizeram novas fotos?
Hollanda — Sim, com a ajuda de um amigo chamado Milton
Mendonça, que já faleceu. Ele era cinegrafista da TV Liberal, de Belém, e
conhecia muito sobre fotografia. Pedi sua ajuda porque confiava bastante nele e
sabia que, participando da operação conosco, não ia comentar nada com ninguém.
Assim, informei o fato ao meu comandante, dizendo-lhe que estava com
dificuldades no processo técnico fotográfico, e ele autorizou Milton a entrar no
esquema. Ele foi conosco em algumas vigílias e sempre nos auxiliava. Até
instruiu-nos a usar filmes especiais, com recursos de infravermelho,
ultravioleta etc. Pedimos, pois, o material para nossos superiores, em Brasília,
e eles mandar filmes ótimos. Com isso, passamos a ter melhores resultados.
Conseguimos fotografar, então, objetos grandes e formatos que a gente nem
imaginava…
UFO — Quanto à forma, qual era o padrão mais comum que esses
objetos apresentavam?
Hollanda — No início da Operação
Prato vimos o que todo mundo falava: sondas e luzes piscando. Inclusive, tinha
um padre americano, chamado Alfredo de La Ó, falecido, que nos dava descrições
de sondas e objetos nesse formato. Ele era pároco em Colares e falava de uma
sonda que tinha visto várias vezes. Segundo Alfredo, ela era mais ou menos do
tamanho de um tambor de óleo de 200 litros. Essa sonda apresentava um vôo
irregular, não era uma trajetória segura. Voava como se tivesse balançando, e
emitia uma luz. Às vezes andava junto a outras, que vinham e iam de um ponto a
outro… Um dia, ela, aproximou por cima de nós.
UFO — Vocês chegaram a perceber algum tipo de interação
entre o que faziam e o comportamento do fenômeno?
Hollanda
— Essa pergunta é bastante interessante, pois aquilo era uma coisa
muito estranha. Eles, seja lá quem fossem, mostravam ter absoluta certeza de
onde nós estávamos e o que fazíamos. Parecia que nos procuravam, pois, quando
menos esperávamos, lá estavam, bem em cima da gente… Não mais do que um mês
depois de passarmos a conviver nos locais de aparições, essas sondas começaram a
vir sempre até nós. Às vezes, a gente se deslocava de um lugar para outro e lá
iam elas, acompanhado-nos quase o tempo inteiro, como se tivessem conhecimento
da nossa movimentação.
UFO — Quer dizer então que os UFOs de alguma forma pareciam
se “interessar” pelas atividades da Operação Prato?
Hollanda
— Bem, pelo menos sabiam o que estávamos fazendo. Por exemplo, no caso
da Baía do Sol, aconteceu algo peculiar. Naquela época já estava terminando o
ano letivo e muita gente ficava na praia à noite. Tinha pelo menos umas 100 mil
pessoas na orla, naquele fim de semana. No entanto, uma sonda veio para cima de
nós, num lugar todo escuro onde não havia mais ninguém. Oras, por que veio ao
nosso encontro, na escuridão, se tanta gente estava ali perto, na praia?
UFO — Esse foi o primeiro grande acontecimento ufológico
envolvendo o senhor?
Hollanda — Não digo que tenha sido
grande, mas foi bastante significativo. Naquela ocasião voltamos para a base do
1º COMAR pela manhã. Foi quando conversei com meu comandante e disse que, pela
primeira vez, algo estranho tinha acontecido.
UFO — O senhor teve alguma reação física deste acontecimento
em seu organismo, algum problema resultante dessa observação?
Hollanda — Naquele exato momento não, mas depois notei que
todos perdemos um pouco da acuidade visual. Com o tempo, a visão enfraqueceu
ainda mais, tanto que passamos a usar óculos. Mas isso ocorreu em razão de
outras exposições que também tivemos mais para frente, noutros inúmeros
contatos.
UFO — Coronel, após um caso como esse, pelo que sabemos,
vocês faziam um relatório completo, que era integrado à Operação Prato. Mas
vocês também se submetiam a algum tipo de exame médico?
Hollanda —
Era feito um relatório do acontecimento, com hora, local, coordenadas
geográficas, mapeamento da região etc. Tudo bem descritivo. Mas nunca tivemos
que fazer exame médico, mesmo porque nunca tivemos qualquer problema.
UFO — Quando seu comandante recebeu a
notícia sobre o que aconteceu, como ele reagiu? Esses casos ufológicos foram se
repetindo? Do que mais o senhor se lembra para nos contar?
Hollanda
— Bom, como a Baía do Sol era um local muito favorável para observações
de UFOs, passamos a freqüentar a região com bastante regularidade. Tínhamos
amigos no Serviço Nacional de Informações (SNI) – que não tem nada a ver com
isso – os quais acompanhavam algumas de nossas missões. Os agentes eram nossos
conhecidos, tinham curiosidade, por isso iam conosco. Às vezes, saíam notícias a
respeito num ou noutro jornal local, fazendo com que muita gente em Belém
comentasse sobre esses avistamentos. Minha mulher [De seu primeiro
casamento, já falecida] e meu irmão sabiam das coisas que eu estava
fazendo. Mas além desse círculo, ninguém de fora da base do 1º COMAR tinha
ciência desses pormenores. Mesmo assim, pedia sempre muita reserva à minha
esposa e irmão. Tanto que eles nem perguntavam detalhes.
UFO — A população de Belém sabia que havia uma operação da
FAB na região?
Hollanda — Não. Mas sabia que nós, da
Aeronáutica, estávamos por lá, atentos a tudo. Algumas pessoas sabiam que
existia uma operação, só não sabiam do nome nem dos resultados. Outras sabiam de
pequenos detalhes, como o fato de eu ser capitão, ou de fulano ou sicrano ser
sargento, mas ninguém sabia dos resultados da missão. Nem bem o que exatamente
fazíamos. O que se desconfiava era que a gente estava examinando. Só! No caso
dos oficiais do SNI, quando me pediram para ir, eu disse que não tinha problema,
mas, que deveriam pedir autorização ao seu chefe [Na época, o chefe do SNI
em Belém era o coronel Filemon] . E o chefe deles autorizou, porém não como
uma missão do serviço de informação. Apenas para sanarem suas curiosidades.
UFO — O Serviço Nacional de Informações chegou a desenvolver
algum trabalho ufológico depois disso?
Hollanda — Não. Os
agentes só queriam ver aquelas coisas voando, junto de nossa equipe. Eles sabiam
que estávamos fazendo um trabalho sério em certos locais de vigília. E como
confiavam em nossa experiência, seguiam-nos aos pontos mais prováveis de
avistamentos de UFOs. Um dia, junto ao Milton Mendonça, chegamos à Baía do Sol,
lá pelas 18:00 h, e montamos nosso equipamento fotográfico. Ficamos então num
lugar escuro, reservado, observando o que viria a acontecer. No entanto, por
razões pessoais, tive que voltar mais cedo naquela noite, para estar em Belém às
20:00 h, pois tinha um compromisso. Por volta das, às 18:30 h, surgiram três
pontos luminosos alinhados muito alto no céu, em grande velocidade. E olha que
eu conheço avião para dizer que a velocidade daquilo era bem acima da média. Os
pontos estavam voando no sentido oeste-leste. Quando deram 19:00 h, apareceram
mais dois estranhos objetos piscando alinhados, um atrás do outro, no sentido
norte-sul.
“Histórias bizarras, como ataques de UFOs a humanos, eram muito comuns durante a execução do trabalho. Isso nos assustava bastante, deixando-nos preocupados e curiosos ao mesmo tempo”
UFO — Qual foi a seqüência com que os fatos se apresentaram?
Hollanda — Bem, o pessoal do SNI não chegava. Tínhamos
combinado às 18:00 h. Ficamos aguardando-os para que acompanhassem nossa
vigília… Assim, esperei apenas mais um pouco e, quando começamos a desmontar o
material, pois não podia mais aguardar. Finalmente chegaram e perguntaram se
tinha havido algo. Eu brinquei, dizendo ter marcado às 18:00 h e eles só
apareceram às 19:00 h, numa referência ao fato de que ali passa UFO quase que de
hora em hora... E um deles fez então uma pergunta idiota: “A que horas passa
outro?” . Respondi que não sabia e que aquilo não era bonde para ter horário.
Falei ainda que eles deviam ficar ali a noite inteira, esperando para ver UFOs.
Nesse momento, enquanto conversávamos, um deles disse: “Olha aqui em cima,
agora. Olha para o alto” . Foi aí que o herói brasileiro tremeu nas bases,
porque tinha um negócio enorme bem em cima da gente. Era um disco preto, escuro,
parado a não mais que 150 m de altura, exatamente onde estávamos.
UFO — Deve ter sido uma experiência fantástica e
aterrorizante. O objeto tinha luzes, emitia algum ruído, fez algum movimento?
Hollanda — Ficou parado, mas tinha uma luz no meio, indo de
amarela para âmbar. E fazia um barulho como o de ar condicionado. Parecia com um
ruído de catraca de bicicleta quando se pedala ao contrário. Aquele negócio era
grande, com talvez uns 30 m de diâmetro. Olhamos para aquilo por um bom tempo,
até que começou a emitir uma luz amarela muito forte, que clareava o chão,
repetindo isso em intervalos curtos mais umas cinco vezes.
UFO — Qual foi a reação dos membros do SNI?
Hollanda — Não foi só o pessoal do SNI, não. Todo mundo
ficou espantado! Eu mesmo nunca tinha visto algo assim, e olha que já estava
quase há dois meses nessa operação… Nunca aparecera uma nave desta forma para
gente. Foi tão inusitado que nem lembramos de montar novamente a máquina
fotográfica, que já estava guardada, pois já íamos embora. Também não dava
tempo, pois estava guardada em caixas próprias e demoraria para que fosse
retirada, montada e armada. Só nos restava ficar olhando, assustados, para
aquela coisa que iluminava tudo com uma luz amarela forte que ora apagava, ora
acendia...
UFO — Parece que estavam dando uma demonstração a vocês,
latejando dessa maneira estranha…
Hollanda — É. O UFO fazia
isso em intervalos de dois segundos. Apagava, acendia, apagava. Era uma luz
progressiva, que não clareava como um flash, mas que crescia e voltava à mesma
intensidade. Estávamos até sentindo que alguma coisa podia acontecer, pois
estava escuro, era um local bastante isolado e ninguém sabia que a gente estava
lá – só nós e “eles” [Risos] .
UFO — Houve alguma ocasião em que outras equipes de
diferentes órgãos do Governo participaram junto a vocês?
Hollanda —
Não. O que eu sei é que houve um vazamento de informações sobre a
Operação Prato. Algumas pessoas comentavam sobre a incidência de avistamentos.
Creio que o vazamento se deu no Aeroclube de Belém. Teve uma vez em que uma
equipe do jornal O Estado do Pará foi para o lugar onde a gente estava acampado
e, como sabia que estávamos na área, ficou na espreita. Noutra vez eles se
enganaram: foram a um ponto onde acharam que estaríamos, mas se deram mal, pois
estávamos em outro… Numa dessas aventuras, eles chegaram a ver alguma coisa,
porém foi algo tão esquisito que jamais voltaram. Alguns repórteres juraram que
nunca mais fariam uma missão dessas… Eles viram uma luz se aproximando à baixa
altitude e pegaram o carro para chegar mais perto. A luz se dirigiu até onde
estavam e focou um raio em cima deles. Pelo que soube, o teto do carro ficou
translúcido, como se fosse de vidro. Aí o objeto fez umas evoluções em cima do
automóvel, permitindo até que fotografassem aquilo. As fotos foram publicadas em
página inteira. Tinham uma nitidez incrível. Mas depois do susto que tomaram, as
testemunhas sumiram de carro – parece que alguns tiveram acesso de vômito e se
descontrolaram emocionalmente. Quem pode dar informação sobre este fato é o
Pinon [Ubiratan Pinon Frias] , que era o piloto do Aeroclube de Belém.
UFO — Com todos esses fatos acontecendo e vocês mandando
toda hora relatórios para sua chefia, em algum momento perguntou a ela se
haveria possibilidade de informar à população sobre as ocorrências e a Operação
Prato?
Hollanda — Não, não foi feita essa pergunta porque a
gente já sabia que não era possível que a população viesse a saber dos
acontecimentos. Não seria cabível essa dúvida ao meu comando, porque isso era
assunto reservado. Minha missão era coletar dados e entregar ao comandante, e
isso era tratado com confidencialidade. Tínhamos que documentar, fotografar e
filmar os UFOs, se possível, e entregar tudo ao 1º COMAR. Daí para frente, o
destino que seria dado ao material era responsabilidade dele.
UFO — O senhor tem idéia do que era feito desse material?
Hollanda — Os relatórios com desenhos, fotos etc eram
preparados, classificados, passados ao comandante e arquivados no próprio 1º
COMAR, numa sala reservada. Depois disso, alguns iam para Brasília, segundo fui
informado na época. No entanto, pelo que sei, a reação dos altos escalões era de
ceticismo – alguns colegas até brincavam com os fatos.
UFO — O senhor teve conhecimento de que a FAB já teria
instituído um sistema de pesquisa oficial quase 10 anos antes, em 1969, chamado
Sistema de Investigação de Objetos Aéreos Não Identificados (SIOANI)?
Hollanda — Nessa época, em 1969, eu era tenente na Base
Aérea de Belém e foram distribuídos entre nós vários livretos informativos sobre
o assunto, pedindo para que os oficiais que se interessassem pelo tema fossem
voluntários para preparar relatórios com depoimentos. Foi só. Depois as
discussões morreram…
UFO — Em algum momento houve participação de militares
americanos pedindo informações ou detalhes sobre o trabalho de vocês na
operação?
Hollanda — Que eu saiba, não. Se isso ocorreu foi
em altas esferas e, como já disse, eu era apenas capitão. Não me metia nessas
coisas e nem podia saber nada a respeito.
UFO — A incidência desse fenômeno na Amazônia, durante a
Operação Prato, chegou a ser diária?
Hollanda — Sim, era
diária e muito ativa. Chegamos a verificar pelo menos nove formas de UFOs.
Conseguimos determiná-las e classificá-las. Algumas eram sondas, outras naves
grandes das quais saíam objetos menores. Filmamos tudo isso, inclusive as naves
pequenas voltando ao interior de suas naves-mãe, as maiores. Tudo foi muito bem
documentado!
UFO — Quais eram os equipamentos que vocês utilizavam para
registrar todo esse movimento?
Hollanda — Tínhamos máquinas fotográficas
Nikon profissionais, com teleobjetivas de 300 a 1000 mm, dessas grandes. Era um
terror trabalhar com elas, porque tinham um foco rapidíssimo. Qualquer
“bobeada”, qualquer movimento em falso, e perdíamos os UFOs. Mas eram
equipamentos de primeira. Também tínhamos filmadoras e gravadores, na
possibilidade de um ruído ser ouvido ou de alguma coisa que pudesse ser
registrada.
UFO — Vocês tinham expectativa dessas naves entrarem em
contato com vocês, se é que esse não era um dos objetivos da Operação Prato?
Hollanda — Estávamos expostos a tudo. Para falar a verdade
– e não estou fazendo mistério –, podia acontecer qualquer coisa, no mato, na
selva, nas praias, em qualquer lugar. Estávamos em operação militar e, por
obrigação, tínhamos que agüentar tudo. O quer que ocorresse teria sido no
cumprimento do dever.
UFO — Vocês portavam armas nas missões?
Hollanda
— Não, em nenhum momento. Nunca pensei em levar arma, nem mesmo por via
das dúvidas. Não esperávamos que houvesse necessidade. Por isso, nem pensamos
nessa hipótese, mesmo quando estruturávamos a montagem da operação, sua parte
logística, de alimentação, transporte, comunicação etc.
UFO — Mas houve algum momento dentro da operação em que o
senhor teria percebido que esse fenômeno pudesse ser perigoso?
Hollanda — Uma vez sim. Foi o aparecimento de algo muito
forte, tanto que quando essa coisa aconteceu eu tive medo de que pudesse se dar
uma abdução. Só comentei com algumas pessoas, e uma delas, meu amigo Rafael
Sempere Durá [Consultor de UFO], chegou a me repreender gravemente por
ter me exposto a algo perigoso. “Seu maluco irresponsável. Você tem comandante.
Mas sou seu amigo e estou te proibindo de fazer uma coisa dessas” , disse,
zangadíssimo, quando soube o que aconteceu. O fato foi realmente grave. Durante
a Operação Prato, estávamos numa embarcação ancorada à margem do Rio Jari quando
uma coisa enorme parou a não mais que 70 metros do barco.
UFO — Quais as características dessa “coisa”?
Hollanda — Para responder, tenho que dizer por que nós
estávamos lá. Bem, fomos ao local porque tenho um amigo, oficial da FAB na
época, o capitão Victor Polonês [Victor Jamianiaski, descendente de
poloneses radicado em Belém] , que gostava muito de pescar e freqüentava o
local. Um dia, sabendo que a gente estava nessa investigação, contou-me o caso
de um rapaz que trabalhava apanhando barro para uma olaria próxima dali. Essa
olaria era de Paulo Keuffer, de Belém. O rapaz se chamava Luís e me contou um
fato incrível. Disse que certo dia, enquanto colhia barro, viu vestígios de uma
paca comendo restos de flores de uma árvore à beira do rio e a acompanhou para
caçá-la. Ele voltou à olaria, esvaziou o batelão [Embarcação de 7 a 9 m com
motor de centro] , aprontou uma espingarda, voltou ao local, onde armou um
acampamento em cima de uma árvore. Pendurou sua rede e ficou com lanterna e
espingarda preparadas para a chegada do animal.
UFO — E aí, o que aconteceu depois disso?
Hollanda — Bom, quando ouviu um barulho, e pensou que era a
dita cuja, passou por ele uma luz muito forte que logo depois voltou e parou
sobre onde estava. Do centro dessa nave, descrita como sendo similar à cabine de
um Boeing 737, abriu-se uma porta ou algo assim e desceu um ser com forma
humana. Luís disse-me que não teria visto escada de corda, nem de metal, mas que
a entidade tinha descido através de um foco de luz, com os braços abertos.
Quando ele se aproximou, e Luís viu que estava correndo perigo, pulou fora e se
escondeu numa árvore próxima, mas ficou observando o que se passava. Então o ser
chegou com uma luz vermelha na mão – que não era lanterna, mas estava na palma
de sua mão –, e examinou a rede deixada na árvore. Como também o lugar onde
estava e tudo o mais, mas não procurou Luís nem ficou vasculhando o local. O ser
foi direto ao local onde o rapaz tinha se escondido, morrendo de medo.
Rapidamente, focou um raio de luz vermelha em sua direção, fazendo-o correr para
dentro da vegetação.
UFO — O estranho ser percebeu de alguma forma automática
onde estava Luís e foi em sua direção. Não parece boa coisa…
Hollanda — Pois é. Mas Luís saiu por uma margem do rio,
tropeçando em troncos e raízes, com dificuldade de caminhar e tudo mais. Aí o
ser voltou para nave e a mesma passou a segui-lo dentro do curso do rio, à baixa
velocidade e pouca altitude, talvez à altura da copa das árvores. Luís ia
devagar e nem conseguiu pegar o barco que estava mais à frente, como pretendia.
Não teve jeito: gritou e atraiu a atenção de algumas pessoas, que vieram a seu
encontro. Ao verem aquilo, pularam dentro d'água e ficaram observando à
distância, só com os olhos de fora. O que viram foi incrível: a nave parou em
cima do batelão, o mesmo ser desceu e examinou todo o barco, exatamente como fez
com a rede. Aí ele foi até a nave, a porta se fechou e o UFO disparou para
longe. Conversei com Luís no 1º COMAR e decidi ir ao local ver a situação. Ao
chegarmos lá, eram mais ou menos 19:00 h e estava chovendo razoavelmente. Os
agentes foram para dentro da casa do zelador da olaria. Como chefe da equipe,
não entrei: permaneci alerta, esperando para ver se alguma coisa acontecia…
UFO — E aí, o que aconteceu do lado de fora da olaria,
coronel?
Hollanda — Olha, veio uma coisa escura, da qual
não pude ver a forma. Não sei se era discóide. Sei lá, só se via as luzes
daquilo, uma verde intensa e outra vermelha. Estranho era o barulho que esse
troço fazia, como ar condicionado, porém bem mais forte. Parecia barulho de
turbina, como se houvesse uma coisa girando. Dá pra entender? Isso passou em
cima de onde estávamos, mas em tão baixa altitude que não poderia ser um avião.
Nenhum piloto faria aquilo, pois estaria morto… Um vôo rasante daqueles já é
perigoso demais num dia claro, agora, imagine com chuva e de noite. Aí eu gritei
para minha equipe: “Acabei de ver um treco muito estranho aqui” . Então entramos
no barco e fomos para o tal lugar onde Luís tinha tido o contato. Chegando lá,
fomos até a árvore onde ele havia caçado a tal paca. Ficamos todos ali embaixo.
Mas com a maré enchendo, a gente estava com a água cada vez mais alta…
UFO — O jeito era subir numa árvore, então, e aguardar os
acontecimentos...
Hollanda — Era, pois a maré foi subindo
cada vez mais… Ficamos lá, em cima da árvore, aproximadamente umas dez horas.
Quando decidimos ir embora, fomos em direção ao barco, que estava parado na
outra margem, e guardamos o equipamento. Quando então que, a mais ou menos uns
2.000 metros, veio cruzando o rio, de norte para o sul, uma luz muito forte, de
cor amarela, âmbar como o Sol, porém em baixa altitude. Aquilo estava em cima
das árvores e cruzou o rio na mesma posição que a anterior, praticamente onde
fica a residência do vigia – ou seja, no local onde eu a tinha visto pela
primeira vez.
UFO — Emitia o mesmo som de ar condicionado ou era alguma
vibração mais intensa?
Hollanda — Tinha som, sim. Mas nos
concentramos em filmar aquilo. Você pode ver no filme [Que, no entanto, não foi
nos mostrado porque o coronel não o possui mais] uma tremedeira ou coisa assim,
e uma luz como se fosse de chama. Aparece também o rastro dela refletida no rio.
Isso tudo foi bem filmado.
UFO — Quando vocês tinham algum documento desse gênero, uma
filmagem espetacular como essa, esse material não ia para Brasília?
Hollanda — Ainda não. O filme ficava retido lá no Comando
Aéreo. Depois é que Brasília solicitava o material. Eu não acho que eles
acreditavam muito nessa história, mas alguém lá queria vê-lo.
UFO — Brasília achava que era o quê? Meia dúzia de birutas
no meio do mato pesquisando?
Hollanda — Não sei. Falava-se
tanta coisa sobre isso, mas ninguém queria se expor. Talvez alguém pudesse dar
crédito para uma coisa dessas, mas tinha colegas lá que eram céticos. Outros
ficaram sabendo que os UFOs eram verdadeiros.
UFO — Voltando ao UFO que vocês estavam observando lá, às
margens daquele rio, tal experiência deve ter sido extraordinária…
Hollanda — Bom, foi mesmo. E nós registramos hora, altura,
direção, essas coisas todas que tinham que constar no relatório. Enquanto aquilo
estava lá, à nossa frente, eu pensava: “Agora mesmo é que não saio daqui. Agora
vamos ter que ficar” . Mas não tínhamos levado comida, café, água, nada. Não
tínhamos levado nada. O que veio a seguir é impressionante.
Os resultados da Operação Prato
Ao assistir a uma matéria sobre o acobertamento do
governo em relação aos discos voadores, veiculada no programa Fantástico, há
alguns meses, Hollanda sentiu-se na obrigação de esclarecer certos fatos. Então,
contatou alguns membros da Equipe UFO, oferecendo-se para dar depoimentos
bastante reveladores.
Declarou-nos que já havia passado tempo demais
desde a execução da operação e, por isso, já estava na hora de se pronunciar
publicamente. Hollanda foi um homem de múltiplas atividades, tendo assumido
vários cargos durante os 36 anos de serviço militar. Desenvolveu funções que vão
desde chefe do Serviço de Intendência do Primeiro Comar a chefe do Serviço de
Operações de Informação e coordenador de Operações Especiais de Selva.
Durante o tempo em que o editor de UFO A. J. Gevaerd e o co-editor Marco
Antonio Petit permaneceram em sua residência, em Cabo Frio, litoral norte do Rio
de Janeiro, Hollanda forneceu informações extraordinárias que só agora puderam
vir à luz. De acordo com seu relato, a missão de investigação oficial da FAB
tinha por objetivo desmistificar os fenômenos que ocorriam na região Norte do
Brasil. “Aceitei participar da operação justamente porque não acreditava que
aquelas coisas pudessem estar acontecendo. Precisava me certificar de que tais
fatos realmente eram verdadeiros”.
Superando sua expectativa, no
entanto, a Operação Prato resultou na comprovação da origem extraterrestre do
fenômeno que vinha se manifestando em toda a área ribeirinha e litorânea do
Pará, ainda que esta confirmação tivesse que permanecer em sigilo. Inúmeras
experiências extraordinárias foram vividas por este coronel e outros oficiais da
operação, em suas noites e dias de vigília na selva.
Hollanda e seus
comandados tinham a incumbência de documentar o Fenômeno UFO na Amazônia, mas,
bem mais do que isso, acabaram tendo contatos pessoais com naves
extraterrestres. O oficial teve certeza de que os episódios eram reais,
especialmente quando UFOs começaram a aparecer de todos os lados, enormes e
pequenos, distantes ou não. “Foi a oportunidade que tive de conhecer essas
experiências. Algumas eram assustadoras, pois os objetos voadores não
identificados tinham tamanhos exagerados”, declarou.
CURIOSA EXPERIÊNCIA – Um dos mais impressionantes episódios que Hollanda viveu se deu às margens do Rio Jari, quando algo similar a um disco voador, nas cores verde e vermelha, produzindo um barulho idêntico ao de uma turbina, parou a poucos metros de onde estavam. Porém, com a maré subindo cada vez mais, toda a equipe, inclusive ele, permaneceu cerca de dez horas em cima de uma árvore. Quando decidiram ir embora, uma intensa luminosidade da cor do sol cruzou o rio a mais ou menos 2.000 m do solo, emitindo um ruído pouco comum. A entrevista iniciada na edição anterior acaba exatamente neste ponto de sua narrativa, e para quem está curioso em saber o que aconteceu ao coronel Uyrangê, aqui vai o restante de suas fantásticas memórias.
UFO — O senhor estava falando de um contato que teve ao lado
de outros membros de sua equipe, próximo a uma olaria em Belém. Enquanto
examinava o local onde Luís teve seu avistamento, seus companheiros adentraram a
olaria e o senhor permaneceu do lado de fora. O que puderam observar?
Hollanda — Bom, como tínhamos que voltar lá para fazer as
anotações necessárias (pois marcávamos tudo, desde horário, altura, direção
etc), e não havíamos levado nada, nem comida ou café, Luís se propôs a ir até
sua casa – um casebre à beira do rio – para nos trazer café, bolacha e água. Ele
saiu com um barquinho em direção a uma ilhota de uns 15 ou 20 metros de largura,
mas muito comprida. Um garoto de uns 9 anos de idade foi com ele. Eles foram
remando e desapareceram nessa ilha.
UFO — O senhor quer dizer que os dois sumiram em frente aos
olhos de todos os outros membros?
Hollanda — Isso mesmo.
Logo que Luís desapareceu, fiquei em pé, em cima do toldo do barco. Enquanto
isso, os agentes comentavam sobre o que estava acontecendo, mas como eu era o
chefe, não podia me dar ao luxo de ficar conversando. Tinha que ficar alerta.
Foi então que, à minha esquerda, próximo ao início do rio, veio uma luz muito
forte (a mesma luz amarela). Enquanto ela se aproximava, fiquei quieto. E como
aquela claridade continuou se aproximando, chamei a atenção dos agentes para o
fenômeno.
UFO — Esses agentes estavam equipados com máquinas
fotográficas para registrarem o episódio?
Hollanda — Sim.
Logo que notaram a presença do objeto, prepararam máquina fotográfica,
filmadora, tudo. Aquela coisa veio em nossa direção a uns 200 ou 250 metros de
altura. Cruzou por cima da gente e quando chegou perto, na margem do rio,
apagou-se. Era uma luz amarela e muito forte, como se fosse um sol, e a gente
não via seu formato, somente o clarão. De repente, pudemos notar que objeto
tinha uma forma estranha de bola de futebol americano, pontuda e grande (mais ou
menos uns 100 m). Um aparelho translúcido, com janelinhas em toda a sua
extensão. Porém não pude perceber se havia alguém lá dentro, apesar de ter
passado devagar como se fosse de propósito. A filmadora estava acionada e como
emitia um ruído, pedi para que o agente que a estava manejando, um japonês,
parasse de filmar, porque eu queria tirar algumas dúvidas e não desejava
interferência de sons. Então o cinegrafista parou.
UFO — Depois que ele desligou a filmadora, puderam-se ouvir
barulhos mais nítidos que identificaram aquele fenômeno?
Hollanda
— O cinegrafista perguntou: “Você está ouvindo?”. Respondi que sim. Era
um barulho de catraca, esquisito e oscilante. Depois continuamos filmando e
fotografando até que a coisa foi embora, seguindo rumo ao continente. Isso
aconteceu entre 11:00 e 11:30 h, conforme o relatório. Já faz muitos anos, mas,
recordo-me do horário. Após esse episódio, comentamos: “Mas que troço esquisito”
. Por volta de 01:00 ou 01:30 h, ela voltou, só que não era mais da cor do sol:
era de um azul muito forte e acompanhou a margem oposta do rio. Quando chegou
perto da ilha, foi em direção a Belém, mas estava muito baixa, passando sobre as
copas das árvores.
UFO — Essa foi a situação mais complicada da qual foram
testemunhas? O avistamento mais extraordinário dentro da Operação Prato?
Hollanda — Foi. Aparentemente, a luz se aproximou de Belém,
depois voltou em nossa direção. Víamos através das copas das árvores que tinha
uma luz lá em cima e que ela havia penetrado a mata.
UFO — Vocês chegaram a fazer cálculos da distância em que o
UFO permaneceu?
Hollanda — Como ele estava à nossa frente,
fui até lá por curiosidade e para colher dados exatos para o relatório. Sua
distância era 70 m. Aquele monstro azul, embora tivesse um brilho muito forte,
podia ser olhado diretamente sem que ardesse as vistas. Não havia nada, apenas
aquela luminosidade forte. Um troço incrível. Ficamos parados a observá-lo.
Então fiquei com medo, porque estava muito perto, do outro lado do rio, ou seja,
à mesma distância de uma trave à outra num campo de futebol. Aquele objeto ficou
parado durante uns três minutos. Enquanto isso, olhávamos em silêncio. De
repente, a luz se apagou rapidamente e pudemos ver o que estava por trás dela.
UFO — E o que era, coronel? Algum objeto diferente?
Hollanda — Era novamente a bola de futebol americano em pé,
a 100 metros de altura, parada e sem janela alguma. Devia ser o mesmo UFO, só
que com o interior apagado. Sei lá, alguma coisa desse tipo. Todo mundo ficou
com medo. Uma das pessoas ainda perguntou: “E agora? E se esses caras vierem e
carregarem a gente, como é que fica?” Tudo era novidade para nós e ninguém sabia
o que poderia acontecer daí para frente.
“A luz acompanhou a margem do rio, alterando sua cor da amarela à azul, seguiu em direção a Belém, sobrevoando próxima a copa das árvores, para depois voltar em nossa direção”
UFO — Coronel, o senhor está a par do fato de que esse tipo
de ocorrência na Amazônia não é uma coisa comum em outros lugares do mundo? Na
sua opinião, por que essas naves insistiam tanto em aparecer nas regiões Norte e
Nordeste, principalmente perto da Amazônia, e quais eram os objetivos delas?
Hollanda — Não, não sabia que casos como esse eram raros.
Sob meu ponto de vista, o qual expus a alguns amigos, passei a me interessar
muito mais pelo assunto depois que terminei meu trabalho na Aeronáutica. Para
mim, Ufologia é um assunto muito sério. Descartava muita coisa acerca de
avistamentos ufológicos, por nunca ter visto nada que pudesse me dar certeza.
Depois que vi uma nave, quis entender o fenômeno, e como oficial de operações de
selva quis tirar minhas próprias conclusões. Mas não podia colocá-las no
relatório, porque eram pessoais, resultado de um estudo aprofundado. Tivemos
muito contato com tribos indígenas, por isso, preocupávamos-nos em não
transmitir a eles doença de espécie alguma, pois os índios não tinham
anticorpos, ao contrário de nós. Podíamos passar gripe, sarampo, difteria,
tuberculose, enfim...
UFO — Seria uma tragédia?
Hollanda —
Com certeza, porque nós temos controle em nosso corpo. Nosso organismo tem
defesas, e o deles não. Daí minha preocupação de que mesmo cumprindo a missão,
involuntariamente, tivéssemos transmitido doenças aos índios. Felizmente nunca
houve um caso desses. Não me lembro de ter prejudicado algum índio dessa
maneira. Concluí outra coisa a respeito de por que aqueles seres estariam
fazendo isso. Se eu fosse eles e precisasse de um aparecimento aberto, franco,
direto, o que teria que fazer? Proteger a mim e a meus companheiros. Mas como?
Sabendo o que cada um possui dentro de seu próprio organismo que possa danificar
o meu, entende? Essa defesa só poderia ser feita se tivesse uma amostra do nosso
sangue e tecidos. Não foi difícil imaginar que eles estivessem fazendo coleta de
material genético, para ver o que contínhamos que pudesse danificá-los num
contato necessário futuro, certo? Não só sangue, mas também nossas células. Não
sei ao certo o que essa luz com alta energia podia fazer, ou se transportava
partículas do corpo humano para serem analisadas mais tarde. Hoje ainda não
compreendo o tal processo de clonagem. Na época, não pensei em nada disso, a não
ser que eles estavam coletando material que pudesse prejudicá-los num possível
contato próximo.
UFO — A população ribeirinha imaginava que a intervenção
deles seria uma agressão? Ela chegou a se armar para se defender desse tipo de
fenômeno?
Hollanda — Claro, eles imaginavam estar sendo
atacados por algum ser maldoso, como um vampiro ou um morcego...
UFO — Vocês estavam agindo em sigilo absoluto?
Hollanda — Não. Os populares pensavam que eram coisas que
vinham de fora, de outro planeta. Eles já viam formas estranhas e luzes antes de
mim. As naves também, pois demorou muito para eu observá-las.
Petit – A população ribeirinha dessas regiões andava armada?
Hollanda — Sim, a população que vivia às margens do rio
usava foguete, andava armada com espingardas de cartucho e de caça.
UFO — Vocês documentaram isso através da Operação Prato?
Hollanda — Foi relatado que eles portavam armas. Alguns até
atiravam, e eu só dizia para não fazerem isso. O próprio padre falava que não
havia motivo para tanto: “Vocês nunca vão fazer nada. Quem tentar lhes apontar
uma arma ficará 15 dias dormente, imobilizado na rede”.
UFO — Coronel, essa experiência que o senhor acabou de
descrever teve alguma influência em sua vida, em sua forma de ver o mundo? Isso
aconteceu no final da Operação Prato?
Hollanda — A Operação
Prato foi até quando a Aeronáutica mandou interrompê-la. Esse relato foi passado
ao meu comandante, dizendo tudo a respeito de como foi a coisa. Posteriormente,
o filme foi revelado e assistido no auditório do Quartel General por vários
oficiais.
UFO — Quais foram suas conclusões a esse respeito?
Hollanda — Não havia dúvidas. Não tínhamos visto a forma do
objeto na hora em que se deu o avistamento. Só fomos ver depois da impressão
fotográfica. A coisa tinha no alto uma porta aberta, como a de um Boeing. Não
havia ser algum dentro do objeto, na fotografia também não aparece nada, exceto
um feixe de luz em direção ao barco onde estávamos. Dessa abertura parecia que
alguém focava em nossa direção. Na ocasião, a luminosidade era tão forte que nos
impedia de ver qualquer forma no interior daquela bola azul enorme.
UFO — Com uma declaração desse nível, uma coisa
extraordinária como essa, por que o 1º COMAR e a Aeronáutica desativaram a
Operação Prato em apenas três ou quatro meses de trabalho?
Hollanda
— Olha, talvez tenha sido por causa da especulação da população. São
perguntas que não podem ser respondidas. Quem são, por exemplo, ninguém sabe.
Talvez quem esteja mais avançado sejam os americanos, os russos. De onde vêm?
Não há resposta. O que eles querem? Também não sabemos. São as três questões
feitas e que ninguém pode responder – o que desmoraliza a Força Aérea e o
Governo Brasileiro.
UFO — Mesmo assim, não compensaria à Força Aérea manter o
projeto em busca dessas ou de outras respostas? Por que fechá-lo? E como foi que
essa ordem chegou?
Hollanda — Se eu fosse o comandante,
continuaria. Mas eu só obedecia, e a ordem era parar. E assim foi cancelada a
operação, quer estivéssemos satisfeitos ou não.
UFO — O senhor acatou e bateu continência?
Hollanda — Sim, pois já tinha acabado. A conclusão sobre a
coleta de material para fazer antídoto, vacina, solução sorológica que inibisse
qualquer incidência de moléstia no corpo desses alienígenas, a partir do sangue
ou do material colhido do corpo humano, foi exposta quando visitei Rafael
Sempere Durá, em São Paulo. Depois de uma longa conversa, mostrei minha opinião.
Ele disse que essa era a explicação mais lógica que ouviu a respeito do
Chupa-chupa, porque o que se ouvia era falar em agressão, e eu discordava: “Não
foi agressão de forma alguma. Foi pesquisa ou coleta de material, como alega
Jacques Vallée” . Sempere me agradeceu, dizendo: “Foi a explicação mais lógica
que eu ouvi até agora”.
UFO — Depois que a operação foi encerrada, o material que
vocês coletaram permaneceu em Brasília ou em Belém?
Hollanda
— Em Belém. Várias vezes eu tentei escrever um relatório final, pois o
original era parcelado, caso a caso. Por exemplo, se numa noite o fenômeno se
manifestava três vezes, então tinha que ser feito um relatório. Pelo que eu
escrevia, baseado em tudo que via, achava que em Brasília iam me chamar de
louco, pois eles não estavam lá para presenciar.
UFO — Mesmo depois do encerramento da Operação Prato o
senhor continuou pesquisando, investigando, fazendo suas vigílias? Como é que
foi isso? Teve alguma outra experiência interessante?
Hollanda
— Bem, nunca relatei isso. Estou abrindo exceção para você, Gevaerd, em
altíssima confiança, por sua seriedade, porque já estou com 60 anos de idade,
daqui a pouco faço 70. Isso se eu chegar lá e não desaparecer antes... Eu estava
em casa, tinha recebido uns livros que solicitei a Bob Pratt – o qual me visitou
logo no início da Operação Prato.
“Se eu fosse o comandante, continuaria as pesquisas. Mas eu só obedecia, e a ordem era parar. Assim a Operação Prato foi cancelada, quer estivéssemos satisfeitos ou não”
UFO — O que ele queria com o senhor? Qual era o interesse
dele? Quais outros ufólogos o procuraram para saber a respeito disso?
Hollanda — Conversar comigo. Ele queria saber sobre o que
tinha havido, porque ele esteve na Ilha dos Caranguejos, e eu não sabia da
existência desse local nem do que tinha ocorrido por lá. Depois mandei verificar
a área. Dentre os ufólogos que me procuraram na época, estão: Max Berezowski,
general Uchôa, um ufólogo argentino, cujo nome não recordo, Jacques Vallée e
Reginaldo de Athayde [Co-editor da Revista UFO] . Nunca mais mantive
contato com Berezowski, mesmo depois de suas cartas e telefonemas. Não tive
oportunidade de conhecê-lo pessoalmente, porque minha mulher não concordou em
hospedá-lo em casa. Jacques Vallée falou comigo anos depois e me deu até um
livro de presente.
UFO — O senhor estava autorizado a declarar alguma coisa a
esses ufólogos naquela época? Caso tenha falado algo que pudesse comprometê-lo,
esses pesquisadores mantiveram suas palavras, respeitando sua posição perante a
FAB?
Hollanda — Eu conversava com eles sobre o assunto,
eles até viram algumas fotografias. Apenas pedi a eles que respeitassem minha
posição, pois não podia divulgar alguma informação, o que compreenderam
perfeitamente bem. Continuaram trocando correspondências comigo. Eu era
freqüentemente consultado sobre alguns casos, inclusive por ufólogos
internacionais, da Espanha, EUA etc.
UFO — Como eles mandavam casos para o senhor analisar e
emitir um parecer?
Hollanda — Através de Rafael Durá, de
Osni Schwarz [Nesse instante Uyrangê volta a falar sobre sua experiência
inédita ao receber os livros de Bob Pratt]. Eu lia todos os livros para me
aprofundar mais em Ufologia, humanóides, aparecimentos, abduções, outras coisas,
e assim pude me munir de mais conhecimentos sobre a temática. Já não tinha mais
nada com a Força Aérea, mas continuava interessado pelo assunto. Sempre
empilhava meus livros sobre uma estante. Um dia, estava deitado, lendo uma obra
que não tinha nada a ver com Ufologia, enquanto minha filha, ainda pequena, lia
uma revistinha de criança. De repente, os livros se deslocaram como se tivessem
sido pegos e a pilha inteira caiu no chão. Ressalto que morava na Vila Militar,
bem distante da rodovia, onde não havia trepidação de carro que justificasse a
causa de tal circunstância.
UFO — Eles estavam empilhados na vertical?
Hollanda — Quando eles bateram no chão, claro que a pilha
desmontou, mas os livros não se espalharam. Eles vieram empilhados até o chão.
Minha filha Daniela assustou-se e perguntou: “Pai, que engraçado... Como é que
os livros caíram?” Nessa mesma hora, minha mulher estava no andar de baixo,
preparando mamadeira para as crianças, quando algo semelhante aconteceu: a
bandeja em que estavam os copos e talheres saiu voando da pia, flutuando por
toda a cozinha, e então caiu, sem quebrar um copo sequer, apesar do barulho de
louça que ouvi de onde eu estava. No momento em que catava os livros do chão,
brinquei com minha filha para que ela não tivesse medo. Coloquei-os no lugar e
falei: “Vocês estão querendo que eu leia” . Então abri um livro numa página
qualquer. Logo em seguida aconteceu o incidente com a bandeja de louças. Pelo
barulho pensei que tivesse machucado alguém, cortado talvez.
UFO — E o que sua esposa achou disso tudo, coronel?
Hollanda — Desci as escadas correndo e, nesse meio tempo,
minha esposa vinha subindo com os olhos arregalados, dizendo que não ficaria
sozinha, ainda mais diante daquele fenômeno. Perguntei a ela o que havia
acontecido: “Não sei. A bandeja saiu voando e foi parar no meio da pia” . Eu não
entendi muito bem a história. Levei, então, um copo d'água para ela.
UFO — E os fenômenos ficaram por isso mesmo?
Hollanda — Dois ou três dias depois, eu estava dormindo,
por volta da meia-noite. Estava numa espécie de desligamento, mentalização,
deitado junto à minha mulher. De repente, adentrou meu quarto um clarão muito
forte, seguido por um estalido, iluminando tudo. Assustei-me ao ver um troço tão
estranho. Imediatamente, apareceu um ser atrás de mim, abraçando-me. Achei a
situação meio esquisita. Além disso, tinha outro ser na minha cabeceira, que
media 1,5 m, estava vestido com uma roupa semelhante à de astronauta ou de
mergulho.
UFO — Um colante? Ou neoprene, aquele material usado na
fabricação de roupas de surfistas?
Hollanda — Era muito
fofa, não era colada ao corpo. Não cheguei a ver seu rosto, mas era cinza, tinha
uma máscara parecida com a de mergulho, o olho não dava para detalhar. Eu estava
muito assustado por causa daquele “bicho” que me abraçava e apertava por trás,
sussurrando em meu ouvido em Português: “Calma, não vamos te fazer mal” , com
uma voz metalizada, como som de transmissões computadorizadas.
UFO — E sua esposa?
Hollanda —
Continuou dormindo, sem saber da presença do “baixinho” que estava em minha
cabeceira, apertando-me na cama. Não gostei da sensação e da atitude dele. Logo
em seguida, outro estalido e o clarão desapareceu, deixando-me muito assustado.
UFO — Houve lapso de tempo?
Hollanda —
Não me lembro. Fiquei raciocinando se não foi apenas um sonho. Mas o
troço era muito esquisito e eu ouvi dois estalidos. Não me recordo se fui beber
água. Acho que desci para tomar alguma coisa, whisky, sei lá...
UFO — Esse fenômeno voltou a acontecer nos dias seguintes?
Hollanda — No outro dia, fui para o quartel para hastear a
bandeira e bater continência ao som do Hino Nacional. Minha mulher sempre
fechava o portão da garagem quando eu saía para trabalhar, por causa dos
cachorros e das crianças. Tinha, nessa época, um Alfa Romeo azul marinho. Quando
meti a chave na porta do motorista para abri-la, a porta do outro lado abriu-se
sozinha, sem ao menos eu ter tocado no veículo. Ao ver aquilo, minha mulher
ficou assustada. Eram muitos fenômenos inexplicáveis que vinham acontecendo.
Olhei para meu suposto companheiro e disse, em tom de gozação: “Você não vai
andar muito. A viagem é curta” .
UFO — O senhor sentiu alguma coisa, talvez uma dor de
cabeça?
Hollanda — Aí eu me sentei no carro, e quando
estiquei a mão para fechar a porta, ela o fez sozinha. Minha esposa assustou-se
ainda mais. Fui embora, seguindo rumo ao quartel. Ao hastearmos a bandeira, meu
braço esquerdo começou a coçar muito. Eu já estava doido para que a cerimônia
acabasse, pois não podia tirar a mão da pala para me coçar. Quando olhei para
meu braço, ele estava vermelho. Achei aquilo muito esquisito [Até hoje em
seu braço apresenta-se a mesma marca avermelhada].
UFO — O senhor acha que isso tudo foi conseqüência do quê?
Hollanda — Calma, já chego lá. Meu braço continuou coçando.
Por curiosidade, num certo dia, apertei a pele e, ao fazê-lo, apareceu um
“troço”, como se fosse um pedacinho de plástico.
UFO — Já fez algum exame de raio-X?
Hollanda
— Já. No raio-X não aparece nada. Mas aperte aqui e sinta. [Ao apertar
o local, pude sentir alguma coisa pontuda, que mais parecia uma agulha].
UFO — Algum outro componente da equipe apresentou qualquer
tipo de marca pelo corpo?
Hollanda — Sim, o Flávio.
Descobri isso quando todo mundo quis ver o meu ferimento. Ele também possuía a
mesma marca na perna esquerda, numa das coxas. Ele acabou falecendo por causa de
derrame, em virtude do ferimento na perna. Depois eu conversei com um médico,
amigo meu, para o qual mostrei meu braço. Ele me convidou a ir até o hospital
para fazer exames. Numa das vezes que fui a São Paulo e conversei com Rafael
Sempere Durá, ele pegou uma bússola pequena e pediu permissão para dar uma
olhada, colocando o aparelho sobre a minha pele.
UFO — Uma evidência física sem precedentes...
Hollanda — Os ponteiros da bússola ficaram alterados. Se
através de um exame radiológico não se pôde ver absolutamente nada, comentei com
Rafael que queria mandar abrir a pele. Ele me aconselhou que não o fizesse.
UFO — Mudando de assunto, o coronel tem conhecimento de que
o Governo Brasileiro continua fazendo pesquisas ufológicas, seja na Amazônia ou
em outro lugar, a respeito desse fenômeno?
Hollanda —
Pesquisa com determinação, com base em um programa, acredito que não.
Pelo menos não tenho qualquer informação a esse respeito. Primeiro, porque estou
fora, na reserva. Tenho muito pouco contato, a não ser financeiro, com o
Ministério da Aeronáutica. Possuo amigos lá, mas nunca ouvi falar que o órgão
tenha ido investigar qualquer tipo de projeto ou eventualidade, como o caso dos
F-5.
UFO — O senhor acha que deveria haver então um programa de
pesquisas mantido pelo Governo?
Hollanda — Na minha
opinião, parece que sim. Eu mesmo tenho minhas razões pessoais para crer nisso,
mas mesmo que não as tivesse, se eu fosse comandante, mandaria.
UFO — O que o senhor imagina que foi feito da Operação
Prato? Dos documentos? Das fotografias? Existe alguém tomando conta desse
material todo?
Hollanda — Creio que tenha sido arquivado,
pois não foi dado muito valor a ele. Não tive conhecimento de qualquer
repercussão no Ministério da Aeronáutica. Quanto às fotografias, não foram
enviadas as 500 para eles. Seguiram apenas as que constavam no relatório e
alguns negativos. A maioria delas ficou conosco, guardada nos arquivos do 1º
COMAR, e ninguém consegue obter informação a respeito. A seção a qual eu
pertencia é onde se encontram arquivados os quatro filmes batidos e as fitas de
vídeo. Na época, o Ministério da Aeronáutica iria ficar com apenas um rolo, mas
confiscou inclusive os outros três que pertenciam a mim, que foram comprados com
meu dinheiro e, assim mesmo, a Aeronáutica nunca os devolveu.
UFO — Nunca pensou em guardar um souvenir desse material?
Hollanda — Não. Veja bem: já falei que adoro a FAB, ainda
mais quando estava lá dentro. Hoje, eu fico de fora, vendo como é que meus
companheiros estão se sucedendo, o que estão fazendo para que ela prospere e
engrandeça. Sempre tive um respeito muito grande pela Força Aérea e pelo meu
serviço. Eu nunca faria isso com ela. Fiquei calado por 20 anos. Durante esse
período, fui consultado várias vezes para que escrevesse ou prestasse alguma
declaração.
UFO — Coronel, recorda-se de que publicamos umas fotografias
em 1986 ou 1987 sem sua autorização? Isso trouxe algum problema para o senhor,
para sua equipe ou para o 1º COMAR? Alguém foi punido por isso?
Hollanda — Trouxe, sim, muitos embaraços. Eu fui mandado de
Brasília para investigar por que aquilo tinha sido vazado, como aquela história
tinha se tornado pública. Como o carimbo da Aeronáutica estava exposto, já que
naquela época eu era o chefe dessa operação, como é que aquilo saiu? De minha
mão não foi. Ninguém saiu punido por isso, pois a verdade sobre como as coisas
vieram à tona nunca foi descoberta.
UFO — O senhor acha que a publicação dessa matéria na
íntegra pode causar mais embaraço? E para os militares que permanecem na
Aeronáutica, que sabem que existem esses documentos e que a população tem o
direito de conhecê-los?
Hollanda — Hoje não. Minha missão
foi cumprida. Minha carreira se esgotou em 36 anos de trabalho.
UFO — O senhor não acha que esses documentos
deveriam ser liberados para o público?
Hollanda — Isso já é
decisão do comando. Se liberarem, irão surgir muitas indagações que o Ministério
da Aeronáutica e Governo Brasileiro não estão aptos a responder. Para evitar
constrangimentos, não se fala nada. Uma vez eu estava assistindo a um programa
do apresentador Flávio Cavalcanti. Num interrogatório sobre isso, um cara
perguntou por que os UFOs não pousam no Maracanã para todo mundo ver? Se
acontecer um caso desses, um pouso na Esplanada do Planalto, aí não tem jeito.
Acredito que num futuro próximo “eles” possam ser até um pouco mais abusados. Do
jeito que está, em menos de um ou dois anos, acontecerá um contato claro, aberto
para toda a população, que será transmitido pelas televisões do mundo.
Material copiado da revista http://www.ufo.com.br