OS VAMPIROS
"Dracul" quer dizer diabo em romeno e daí
surgiu o nome maldito de Drácula
Juntamente com o
mostro de Frankenstein, o vampiro tornou-se o ser sobrenatural mais conhecido no
mudo inteiro, como resultado de várias décadas de filmes de terror,
influenciando a imaginação e graças às pesquisas do escritor irlandês Stocker. Antes dele, a lenda era confusa, mas
Stocker aperfeiçoou-a, deu ao
personagem uma definição e adicionou Drácula à lista clássica de terror.
O nome de seu vampiro foi tomado de um nobre dos
Bálcãs, no século 15, cujas sádicas crueldades justificavam a denominação:
dracul, em romeno, quer dizer diabo. É surpreendente verificar que essa lenda
é relativamente nova e que, antes só existiam em lugares isolados. Isso porque
lendas anteriores ofereciam muitas histórias de demônios sugadores de sangue.
Já em Odisséia, havia espíritos consumidores de
sangue. Os hebreus, árabes e romanos tinham histórias de entes sobrenaturais
que bebiam sangue: mas nenhum deles parece apresentar qualquer relação com o
vampiro, com as características hoje conhecidas.
A palavra vampiro provém de vários termos do Leste
europeu, inclusive vampir, das língua magiar. A lenda aparecendo somente
no século 16, no século seguinte já conseguia atingir as regiões longínquas
como a Grécia. Os religiosos começaram a notar a rápida evolução dessas
histórias nos Bálcãs, e seus superiores mencionaram uma nova ofensa do
demônio.
No século 17, um escritor grego, Leone Allaci, separou
um conceito de vampiro de toda a demonologia cristã. Em 1746, o monge francês
Augustin Calmet publicou um tratado erudito sobre vampiros. No século 18, o
tema atraiu o romantismo gótico: Goethe, Byron, Gautier e Baldelaire escreveram
versos sobre vampiros. E ganhou o teatro: uma peça fez tremendo sucesso em
Paris, em 1820, e dali por diante, ganhou inúmeros imitadores.
Alexandre Dumas escreveu uma peça sobre o mesmo tema
e, em 1925, foi levada à cena, em Londres, a teatralização do Drácula, de
Stocker. Em 1931 foi o cinema que tomou conta: Bela Lugosi interpretou Conde
Drácula. Em 1947, aparecera Varney The Vampire - oitocentas
páginas de horror -que se tornou imediatamente Best Seller: mas, no fim do
século eclipsou-se com a publicação de Bram Stocker, uma clássica mistura de
folclore e fantasia.
O QUE É UM VAMPIRO
Basicamente, o vampiro é um cadáver ambulante, com
alguns poderes e funções de um ente não corpóreo. Como cadáver,
apresenta-se com a palidez da morte e gelado ao toque. Alguns o descrevem como
magro e macilento, tal qual múmia egípcia. Mas, na maioria das vezes, é
descrito como extremamente magro, usando roupas normais, apenas como um leve
toque teatral, como as roupas inteiramente negras do Conde Drácula. Quando bem
alimentado de sangue pode ser quente, mas o único sinal de vida em sua face
será sempre o ergar dos lábios, para mostrar dentes pontiagudos.
Seus olhos podem faiscar, como chispas vermelhas e suas
orelhas ser pontudas, como as de lobisomem. Da mesma forma, o vampiro pode ser
extremamente peludo, com pelos nas palmas das mãos e as sobrancelhas se unindo
sobre o nariz, além de unhas longas e recurvadas. Sua alimentação o transformará
em extremamente forte, apesar da magreza.
Algumas histórias adicionam outros detalhes
horrorosos: a língua é pontuda como um relho, conforme crença polonesa; o s
búlgaros têm uma história que diz ter o vampiro uma só narina. Na Grécia,
as lendas afirmam que o vampiro tem olhos azuis: lá os olhos azuis são raros e
seus portadores podem ser vampiros. Qualquer pessoa, que se apresente diferente,
pode ser tachada de vampiro: lábios partidos, cabelos vermelhos ou marcas
especiais no corpo.
OS PODERES DE UM VAMPIRO
Alguns dos acusados por certo desejariam, mesmo, ser
vampiros, pelos poderes sobrenaturais que os acusadores lhes atribuíam. Uma
lenda dos Bálcãs diz que sua cova é cheia de buracos, por onde ele se filtra
para alcançar a superfície: aí há confusão entre espírito e corpo, porque
o vampiro é dito como carne e osso e no entanto, pode filtrar-se como se fosse
um espírito.
Sua capacidade de transformação lhe permite tomar a
forma de inúmeros animais, usualmente criaturas noturnas, cuja existência
é tradicionalmente ligada à superstição.
Drácula tinha uma matilha de lobos sob controle, para
aterrorizar os viajantes. Comumente as histórias associam lobos, lobisomens,
gatos, ratos, corujas, e algumas vezes, até moscas, como animais de estimação
de Drácula. Muitas vezes o vampiro se transforma num desses animais - mais
comumente gato ou lobo. Drácula, naturalmente, podia se transformar num
morcego, que foi bem acentuado nos filmes de terror.
Quando, no século 19, os europeus começaram a viajar
para as Américas, contavam suas histórias sobre a estranha fauna animal
encontrada: e repetiam o caso de um morcego que se alimentava exclusivamente de
sangue animal ou humano. A ficção e o folclore se encarregaram de incluí-lo
nos poderes sobrenaturais do vampiro. Outro poder do vampiro é hipnotizar suas
vítimas, para sugar-lhes o sangue: assim pode voltar sempre a mesma pessoa, que
somente se queixará de sombrios pesadelos e sensação de anemia.
Segundo a tradição, há muitas formas de combater os
vampiros: as velhas lendas não afirmam que a luz do Sol é maléfica a eles,
isso é contribuição dos filmes. Mas, muita coisa pode causar-lhe danos:
prata, alho e crucifixo. Esta última idéia é reforçada pelo cristianismo, e
resulta da crença de que , como qualquer agente maligno, o vampiro é mais uma
manifestação do diabo.
COMO MATAR UM VAMPIRO
Outras histórias mais antigas são ainda mais
explícitas: teorias de clérigos do século 17 sugerem que o cadáver que
se tornou um vampiro é ativado diretamente por um demônio e não pelo
espírito do próprio morto. Para conservar o vampiro na cova, único lugar onde
pode descansar após as andanças noturnas , há vários métodos: os
componentes da tribo quiringuono, da América do Sul, dizem que é preciso
pregar o corpo com estiletes de madeira. Contos eslavos dizem que pregos de
ferro tem poderes mágicos.
Na Europa, as lendas ainda acrescentam métodos que
são comuns ao trabalho de assegurar a paz de a espíritos inquietos: os de
suicidas e criminosos executados. Eles os enterram sob água corrente ou nas encruzilhadas.
Por outra providência, conseguem o mesmo efeito: trespassam com um estilete de
madeira o coração do cadáver.
Em regiões, onde a crença nos vampiros assumiu
importÂncia maior que a nos espíritos, essas práticas são tidas como em
defesa dos sugadores de sangue humano. Mas, ainda há outros meios para destruir
os vampiros: primeiro, contudo, é preciso capturá-los. Poucos vampiros eram
gregários como Drácula, que convidava muita gente para ir ao seu castelo, onde
a verdade era revelada de várias maneiras: sua ausência diurna e falta de
reflexo no espelho.
Se o vampiro aparecia em alguma região, os residentes
iam examinar as covas, no cemitério, para constatar irregularidades. E
procuravam especialmente os pequenos furos no cemitério, pelos quais os
vampiros poderiam ter escapado.
Se não havia sinais exteriores, na cova, teriam que abri-las
todas, para procurar o cadáver que não se decompusera. Ou utilizar o velho
método húngaro: um cavalo branco, virgem, que nunca tropeçara, era levado ao
cemitério. Ele se recusava a pisar numa cova de vampiro.
Capturado, o monstro pode ser facilmente destruído:
pode ser atirado com uma bala de prata, à noite, quando ativo. A bala ideal é
feita de um crucifixo derretido, e bento por um padre.
Encontrado o vampiro inativo (durante o dia), o método
mais seguro é atravessar-lhe o coração com um espeto de madeira. As história
recomendam usar madeira sagrada, de olmo ou espinheiro. Na Albânia, a lenda
recomenda usar uma adaga benta, em forma de cruz. E um só golpe deve ser dado:
ou a mágica falhará. Algumas vezes a purificação posterior pelo fogo é
recomendável.
OS VIVOS E OS MORTOS
Essas mágicas e encantamentos parece dar vantagens
aos vivos em relação aos vampiros: à noite, único período em que estão
ativos podem ser contidos e reprimidos com a cruz, o alho e durante o dia
estarão inteiramente a mercê dos caçadores. Mas, os vampiros tem outros
poderes: aqueles que forem atacados por eles se erguerão do túmulo de novo,
como novos vampiros. Para cada vampiro destruído, vários outros são criados.
Ainda assim, não é apenas essa a forma de
recrutamento de novos vampiros: nos Bálcãs, quem morre em pecado, sem a assistência
da Igreja, retornará como vampiro. Nessa categoria estão especificamente os
suicidas e os excomungados. Por extensão, toda pessoa essencialmente maligna
pode tornar-se um vampiro: os que cometeram perjuro, os amaldiçoados pelos
próprios pais, os praticantes da magia negra.
Esses voltariam porque estariam condenados a vagar pela
a eternidade, sem encontrar a paz. De acordo com as lendas gregas, um homem
assassinado, que não tenha sido redimido pela vingança, será um vampiro. E o
mesmo acontecerá com que não tenha um sepultamento cristão.
Na Romênia, por exemplo, a lenda diz que aqueles
que foram lobisomens em vida serão vampiros depois da morte. Os gregos dizem
que quem nasce no dia de Natal corre risco de se transformar em vampiro. Outra
lenda romena: se um vampiro olhar para uma mulher grávida, seu filho será
vampiro, a menos que um padre abençoe para protegê-lo e eliminar o mal.
Toda a fascinação pela lenda dos vampiros pode ser,
em parte, explicada: muitos escritores associam a idéia da volta da cova, com o
fato comum de se cometer engano e enterrar um vivo por morto. Esse fato ocorreu
constantemente - e até em São Paulo durante a chamada "gripe
espanhola", na época da Primeira Guerra Mundial: muita gente apenas desmaiada
pela gripe era juntada aos cadáveres e deixada nos cemitérios. Como eram
muitos mortos não se davam conta dos enterros. E, pelo meio da noite, o doente,
passado o estado cataléptico, voltava para casa. Nos séculos 16 e 17
muita gente morria de doenças desconhecidas: algumas pessoas eram enterradas ainda
vivas. E, ao se reabrir a cova, o corpo estava em posição mudada ainda intacto.
A crença em vampirismo tinha mais uma prova de reforço.
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