Daniel Mastral: O Judas da Besta?

   Posted by: Mariel Marra   in Artigos

Em Guerreiros da Luz vol. II, p. 473, pode-se ler o seguinte:

“É tão estranho pensar nisso……………………

Há 2000 anos, Satanás se regozijou sobremaneira com a vida de Judas, que traiu a Cristo…! Melhor teria sido para ele nunca haver nascido! O texto de Lucas 22:3 diz que “(…) Satanás entrou em Judas, chamado Iscariotes, que era um dos doze…”.
Triste, triste sorte. Muito justo que Deus retribuísse ao diabo e ao anticristo na mesma moeda! Como levamos tempo para digerir tal coisa……! Saber que eu era como um Judas dos tempos modernos.

[...]

Depois da revelação, certos textos criaram nova vida, assumiram um significado muito mais próximo. Está chegando o Tempo, os protagonistas do Apocalipse estão entre nós.

“Depois disso, eu continuava olhando nas visões da noite, e eis aqui o quarto animal, terrível, espantoso e sobremodo forte, o qual tinha grandes dentes de ferro; ele devorava, e fazia em pedaços, e pisava aos pés o que sobejava; era diferente de todos os animais que apareceram antes dele e tinha dez chifres. Estando eu a observar os chifres, eis que entre eles subiu um outro pequeno, diante do qual três dos primeiros chifres foram arrancados; e eis que neste chifre havia olhos, como os de homem, e uma boca que falava com insolência” Dn. 7.7-8

“Os dez chifres que viste são dez reis, os quais ainda não receberam reino, mas recebem autoridade como reis, com a besta, durante uma hora. Têm estes um só pensamento e oferecem à besta o poder e a autoridade que possuem” Ap.17.12

Pode parecer estarrecedor, e realmente é estarrecedor, mas Lucifér tinha me escolhido e predestinado para ser um dos reis da terra, um dos chifres da besta.

De fato é mesmo muito estranho pensar sobre isso, conforme Daniel Mastral fala ao iniciar suas exposição de idéias.

Observa-se nessa obra, que num primeiro momento, Mastral se identifica como Judas Iscariotes as avessas, uma vez que para esse autor, Deus tinha interesse de “pagar” ao diabo e seu anticristo na “mesma moeda”, por causa daquela traição cometida contra Seu filho Jesus com Judas.

Todavia parece que o sr. Mastral não considerou as próprias palavras de Jesus sobre tal ocorrido: “Pois vos digo que importa que se cumpra em mim o que está escrito: Ele foi contado com os malfeitores. Porque o que a mim se refere está sendo cumprido.” Lc 22:37

“E do modo por que Moisés levantou a serpente no deserto, assim importa que o Filho do Homem seja levantado, para que todo o que nele crê tenha a vida eterna.” Jo 3:14-15

“Todos os dias eu estava convosco no templo, ensinando, e não me prendestes; contudo, é para que se cumpram as Escrituras” Marcos 14:49

Desse modo, observa-se claramente pelas escrituras, que a traição, crucificação e morte de Jesus, jamais foram uma vitória do diabo contra Deus, afinal o próprio Jesus já havia dito que tais coisas eram necessárias para o cumprimento das escrituras, isto é, para o cumprimento daquilo que já estava profetizado que aconteceria segundo a Vontade de Deus.

Portanto, definitivamente não faz o menor sentido projetar em Deus, tais sentimento de revanchismo, tal como se Deus, O Soberano Senhor, de algum modo agora buscasse dar “o troco” no diabo, por ele ter usado Judas contra Jesus, sendo que tudo isso era pra se fazer cumprir o próprio Plano e Vontade Dele.

Tais idéias, são no mínimo além de estranhas, muita pretenciosas por parte do autor desses livros, pois com que fundamento bíblico, Daniel Mastral pensa ser o Judas da Besta? Baseado em que, exceto em suas próprias “revelações”, o autor transmite a idéia de um Deus revanchista, que esperou mais de 2000 anos, para que agora enfim Ele pudesse satisfazer um desejo de vingança contra o diabo?

Oras, quem deu autoridade para crucificar Jesus não foi o diabo, mas sim Deus! E por isso pergunto: Que maniqueísmo dualista absurdo é esse que Daniel Mastral está introduzindo na Igreja sob aparência de “revelação espiritual”? Definitivamente Mastral está equivocado se ainda pensa que Deus o escolheu para pagar na “mesma moeda” a traição de Jesus. A “revelação” do testemunho pessoal desse autor, não encontra fundamento nas escrituras.

Porém que as idéias do sr. Mastral ainda vão mais além, e ele também se identifica como sendo um dos três chifres da besta, os quais segundo a profecia bíblica foram arrancados, para o nascimento de outro, menor cuja boca falava com insolência.

Note que, se essa interpretação do Mastral está mesmo correta, na qual ele mesmo se auto-incluiu na profecia bíblica, então onde estão os outros dois chifres que foram arrancados além dele? E também onde está o pequeno chifre que nasceu no lugar desses três, cuja boca fala com insolência? Eu que não sou! Ou será que sou e não fui ainda informado disso?

A idéia de que Satanás está preparando um AntiCristo para o mundo até que faz sentido, conforme está escrito em: “Ora, o aparecimento do iníquo é segundo a eficácia de Satanás, com todo poder, e sinais, e prodígios da mentira, e com todo engano de injustiça aos que perecem, porque não acolheram o amor da verdade para serem salvos.” 2 Ts 2:9-10

Todavia observa-se que Paulo continua escrevendo neste mesmo capítulo e diz: “É por este motivo, pois, que Deus lhes manda a operação do erro, para darem crédito à mentira, a fim de serem julgados todos quantos não deram crédito à verdade; antes, pelo contrário, deleitaram-se com a injustiça.” 2 Ts 2:11-12

Logo, o aparecimento do iníquo, que a tradição cristã interpreta como sendo O AntiCristo como um governante mundial, de fato é segundo o trabalho do diabo.

Mas, contudo, todavia, entretanto, é possível notar que aquele que está enviando a operação do engano é o próprio Deus!

Outrossim, não faz sentido a suposta “missão” da igreja, de combater a vinda do AntiCristo, pois lutar contra isso, implica em lutar contra a vontade de Deus, para que sejam julgados todos quantos não deram crédito à verdade! É isso que diz as escrituras, e o que passar disso, é mera após-tolice, de alguns apóstolos modernos, que usam desse discurso paranóico inspirado em teorias da conspiração, para mobilizar as pessoas e usa-las como massa de manobra, inclusive de maneira política-eleitoral para eleger aqueles com quem fecharam uma barganha em troca de privilégios e benefícios.

E assim nasce toda divisão e confusão que desde o lançamento de tais livros do Mastral  tem acontecido na Igreja, sendo que a solução para isso não é o silenciamento da Verdade Bíblica que confronta as mentiras, mas sim o questionamento sincero em busca da verdade, pois se tal testemunho do sr. Mastral é mesmo verdadeiro, então onde estão as evidências que realmente fundamentam a veracidade desse suposto testemunho pessoal?

Devemos refletir melhor sobre tudo isso com muita cautela no coração, pois de modo algum devemos nos apoiar em pragmatismos, sofismas e falácias, apenas para legitimar ministérios na Igreja  mesmo que estes tenham validade emocional, íntima, psicológica e emotiva, pois mesmo assim, eles  jamais possuirão qualquer validade lógica, genuína e verdadeira, se antes não apresentarem de fato argumentos legítimos que fundamentem suas afirmações e ensinos. ( Leia também: http://critico.guerreirosdaluz.com.br/?p=185 ).

Afinal, aquilo que é da Luz, na Luz tem que estar!

Um forte abraço
Mariel Marra [1]
marielmarra@gmail.com
 
critico.guerreirosdaluz.com.br

Bibliografia:

MASTRAL, Daniel; MASTRAL, Isabela. Guerreiros da Luz. São Paulo: Naós. 2004. v.2.

Informações bibliográficas:

Conforme a NBR 6023:2002 da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), este texto científico publicado em meio eletrônico deve ser citado da seguinte forma:

MARRA, Mariel. Daniel Mastral: O Judas da Besta. Disponível em < http://www.guerreirosdaluz.com.br >. Acesso em: dia mês. ano.