Catolicismo


Sacramentos , Festas religiosas , História e Organização , Os papas , Movimentos teológicos recentes

O maior ramo do cristianismo e o mais antigo como igreja organizada. O termo católico deriva do grego katholikos, universal. Exprime a idéia de uma igreja que pode levar a salvação a qualquer pessoa, em qualquer lugar do mundo. Tem uma rígida hierarquia, centrada na autoridade do papa, que é eleito pelo colegiado superior da Igreja e o representa. A sede da Igreja fica no Vaticano, um pequeno Estado independente no centro de Roma, Itália. Um dos pontos históricos de sua doutrina é a canonização dos cristãos que a Igreja acredita terem sido mártires ou realizado atos milagrosos, reconhecendo-os santos. Os fiéis católicos veneram os santos como intermediários entre os homens e Deus. Maria, mãe de Jesus Cristo, é considerada a maior intermediária entre os fiéis e seu filho. Segundo a doutrina da Imaculada Conceição, a mãe de Jesus teria nascido sem pecado e concebido seu filho virgem. E teria ascendido aos céus viva. A veneração aos santos e os dogmas de Maria são dois dos principais pontos que distinguem os católicos dos cristãos protestantes. 

Sacramentos - A missa é o principal ato litúrgico católico e seu ponto culminante é a Eucaristia, um dos sete sacramentos da Igreja, momento em que os fiéis ingerem uma hóstia de trigo, embebida ou não em vinho, os quais, de acordo com a liturgia, estão transubstanciados no próprio corpo e no sangue de Jesus Cristo. Os demais sacramentos são o batismo (ingresso na fé e na comunidade da Igreja com a unção do Espírito Santo, habitualmente no recém-nascido), crisma (confirmação do batismo e da fé), penitência ou confissão, casamento, ordenação e unção dos enfermos. As missas são rezadas em latim até a década de 60, quando o Concílio Vaticano II autoriza o uso da língua de cada país.

Festas religiosas - Além de Natal, Páscoa e Pentecostes - principais festas cristãs -, existem outras comemorações de grande importância para os católicos. No Corpus Christi, dez dias após o Pentecostes, os fiéis celebram a presença de Jesus Cristo na eucaristia. Em muitos lugares, procissões de fiéis percorrem ruas decoradas com mosaicos coloridos, retratando temas religiosos. O Dia de Reis, 6 de janeiro, lembra a visita dos três reis magos (Gaspar, Melchior e Baltasar) ao menino Jesus recém-nascido em Belém, quando o presenteiam com ouro, incenso e mirra, substâncias que representam sua realeza, sua divindade e sua humanidade.


A comemoração do Dia de Nossa Senhora de Aparecida, a santa padroeira do Brasil, é restrita ao país. Em 12 de outubro, feriado nacional, milhares de fiéis se dirigem à Basílica de Nossa Senhora de Aparecida, em Aparecida do Norte (SP), para homenageá-la.

História e Organização - A história do catolicismo está associada à expansão do Império Romano e ao surgimento dos novos reinos em que este se divide. A partir do século XVI, sua difusão se acentua com as grandes navegações, a chegada dos europeus à Ásia e a colonização da América. Sua administração está estruturada em regiões geográficas autônomas chamadas dioceses, dirigidas por bispos subordinados ao papa e ao colégio de cardeais. No decorrer de sua história milenar surgem inúmeras ordens religiosas, como a dos Beneditinos e a dos Franciscanos, que possuem monastérios e conventos, objetivos e devoções diferenciados. O casamento de sacerdotes é proibido desde a Idade Média na maioria absoluta das ordens, salvo em algumas igrejas orientais unidas a Roma, como a maronita. As mulheres são admitidas no trabalho missionário, em monastérios e mosteiros, mas não no sacerdócio.

Os papas - Desde a Idade Média os papas são eleitos por um colégio especial de cardeais. Com o decreto de Gregório X, no início do século XIII, o conclave torna-se uma votação secreta para evitar a interferência de pressões externas. Atualmente existem cerca de 150 cardeais no mundo, dos quais aproximadamente 120 têm direito a votar. A escolha do novo papa começa com uma missa solene na Basílica de São Pedro. Depois, os cardeais se dirigem à Capela Sistina, onde é realizada a eleição, que pode durar vários dias. Durante esse processo, eles ficam incomunicáveis e são proibidos de deixar o local da votação.


O primeiro pontífice foi o apóstolo Pedro, no século I. Desde então, a Igreja Católica já teve 264 papas, entre eles João XXIII, um dos mais populares de todos os tempos. Seu papado, de 1958 a 1963, inaugura uma nova era na história do catolicismo, marcada por profunda reforma religiosa e política. João XXIII convoca o Concílio Vaticano II, responsável por mudanças que permitem maior integração da Igreja Católica com o mundo contemporâneo. Ele busca, também, amenizar a hostilidade no interior do cristianismo, promovendo o diálogo e a união entre suas vertentes (catolicismo, protestantismo e Igreja Ortodoxa). No plano político, enfatiza a necessidade de o papa intervir como conciliador em questões internacionais.


No poder desde 1978, o papa atual, o polonês Karol Wojtyla (1920-), adota o nome de João Paulo II. Ele é o primeiro não italiano a ser eleito para o cargo em 456 anos. Seu papado procura promover o crescimento do catolicismo, ameaçado pela crescente secularização e pelo crescimento do protestantismo, restaurando a identidade católica. Ele enfatiza o conteúdo moralizante da doutrina, defendendo o celibato clerical e condenando aos fiéis práticas como o divórcio, o uso de métodos artificiais de contracepção e o aborto. Também incentiva o lado místico, expresso pelo apoio à corrente Renovação Carismática. Sob sua liderança, a Igreja Católica admite, pela primeira vez, ter cometido erros durante a Inquisição.

Movimentos teológicos recentes

Renovação Carismática Católica - Surge nos Estados Unidos, em meados da década de 60, com o objetivo de reafirmar a presença do Espírito Santo no catolicismo. Preserva as doutrinas básicas e enfatiza a crença no poder do Espírito Santo, que, segundo os carismáticos, realiza milagres, como a cura de fiéis.

Teologia da Libertação - Surgido na década de 60, principalmente na América Latina, o movimento tem um histórico conflituoso com o Vaticano por associar o cristianismo a questões políticas e sociais. Defende a luta por justiça social como um compromisso cristão. O teólogo brasileiro e ex-frade franciscano Leonardo Boff é um dos formuladores do movimento. No livro Jesus Cristo Libertador (1972) admite o emprego das teorias marxistas na análise do atraso das sociedades do terceiro mundo. Essa posição, apoiada por outros teólogos e sacerdotes latino-americanos, o leva a um conflito com setores conservadores da Igreja. Em 1984 é condenado pelo Vaticano ao silêncio por um ano, sendo proibido de se manifestar publicamente como punição pelas idéias contidas no livro Igreja, Carisma e Poder. Em 1992, ao ser sentenciado a novo período de silêncio, Leonardo Boff renuncia ao sacerdócio.